Avaliação: Tracker Premier com motor 1.0 turbo ficou interessante?
Versão topo de linha do Chevrolet agora conta com alternativa ao propulsor 1.2
O ano de 2020 marcou não só a estreia da nova geração do Chevrolet Tracker no Brasil como também uma interessante revisão no catálogo de versões do SUV realizada pela marca na segunda metade do ano.
Com isso, a versão LTZ trocou o motor 1.2 turbo pelo 1.0 também sobrealimentado, enquanto o catálogo topo de linha Premier passou a ser o único na gama Tracker 2021 a contar com as duas opções de propulsores.
Externamente, a única diferença do novo Tracker Premier 1.0 turbo (R$ 117.990) para o catálogo Premier 1.2 turbo (R$ 126.190) ficará por conta da presença do teto solar panorâmico restrito ao SUV mais caro. Fora isso, as duas opções contam com a mesma roda de liga leve aro 17" com design exclusivo, faróis full-LED, repetidor das luzes de direção nos retrovisores, entre outros requintes exclusivos da configuração Premier em relação às demais opções. Não há sequer um logotipo informando a diferença de motor.
De um ponto de vista pragmático, temos uma esperada vantagem em termos de desempenho para o Tracker Premier 1.2 sobre o Premier 1.0. Por ser mais potente (133 cv) e contar com mais torque (21,4 kgfm), o Tracker Premier 1.2 acelera de 0 a 100 km/h em cerca de 9,5 segundos e alcança 185 km/h de velocidade máxima. No caso do Premier 1.0 (116 cv e 16,8 kgfm), os números de performance ficam em 11 segundos e 177 km/h, respectivamente.
Ao volante, a sensação subjetiva é que a combinação entre o motor 1.0 turbo e o câmbio automático de 6 marchas está mais do que adequada para boa parte do tipo de uso que um motorista comum faz com o carro no dia a dia, sobretudo quem roda em grande parte na cidade. O Tracker Premier 1.0 entrega uma ligeira vantagem no consumo, com parciais que alcançam até 11,9 km/l na cidade e 13,7 km/l na estrada com gasolina. As médias sobem para 11,2 e 13,5 km/l, respectivamente, na versão Premier 1.2.
Se você tem por hábito trafegar constantemente em rodovias, inclusive com o carro carregado, aí sim talvez seja interessante pagar a diferença de R$ 8.200 entre as duas versões (além, é claro, se o teto solar for indispensável para você), caso contrário a opção Premier 1.0 mostra-se bem equilibrada de maneira geral. Inclusive os demais atributos do carro, como acerto de suspensão, freio e respostas da direção, não mudam entre o Tracker Premier 1.0 e o 1.2, ambos com um rodar estável e preciso. A direção elétrica tem o “peso” certo e interage muito bem com o motorista, não se mostrando anestesiada ou rápida demais. Apesar de parte do público criticar a ausência do freio a disco nas rodas traseiras do Tracker, o conjunto está plenamente dimensionado para o SUV, mesmo com o motor 1.2 turbo sob o capô.
Nossa única ressalva, tanto na opção Premier 1.0 como na Premier 1.2, é que talvez a suspensão do modelo poderia absorver as irregularidades do piso de uma forma melhor. Ela nos pareceu um pouco rígida demais em algumas situações, sobretudo em vias com péssima pavimentação. Se esse tipo de ajuste confere respostas dinâmicas mais neutras e equilibradas ao SUV, evitando a rolagem lateral da carroceria, é fato que a suavidade ao rodar pode ser, em parte, sacrificada. No asfalto em boas condições, por sua vez, o Tracker roda impecavelmente.
Para quem valoriza tecnologia e deseja um automóvel que conte com equipamentos de ponta, talvez não exista opção melhor entre os SUVs compactos hoje em dia do que o Tracker Premier com motorização 1.0 turbo. E aqui reside um grande apelo do Chevrolet: seu custo-benefício.
Se olharmos para aquele que é o rival mais direto do Tracker em termos de modernidade de projeto e faixa de preço, o Volkswagen T-Cross que mais se assemelha ao Tracker Premier 1.0 turbo é o SUV em sua versão Comfortline. Nessa configuração o T-Cross é mais caro, partindo de R$ 119.190, e está longe de entregar os mesmos recursos de eletrônica embarcada que o Chevrolet traz de série.
Integram a lista de diferenciais do Tracker Premier 1.0 itens como o assistente de estacionamento, monitoramento de pontos cegos e o importante alerta de colisão com frenagem autônoma de emergência. Outro ponto é que o Tracker Premier conta com revestimento interno de couro de série (opcional no T-Cross Comfortline), algo importante em um SUV nessa faixa de preço. E a lista do Chevrolet ainda segue com carregador de smartphones por indução, central multimídia completa com Wi-Fi embarcado, entre outros recursos.
O T-Cross pode trazer como atributos exclusivos a presença do painel de instrumentos digital e um motor tecnicamente mais avançado, com injeção direta, porém seu nível de performance está longe de uma superioridade muito grande sobre o Tracker que justifique a diferença de preço. Além disso, o VW não supera o Chevrolet no quesito economia de combustível.
Logo, a decisão da marca norte-americana de incorporar o motor 1.0 turbo também para a versão Premier mostrou-se acertada. Graças ao benefício tributário, uma vez que propulsores com esse deslocamento pagam uma alíquota menor de IPI, a relação entre o que o Tracker Premier 1.0 é capaz de entregar ponderando todo o seu conjunto sobre o preço cobrado tornou-se extremamente competitiva. Somente se você não abre mão de performance superior ou do teto solar é que a diferença em termos financeiros para a opção Premier 1.2 seria justificada. Caso contrário, o novo Tracker Premier 1.0 turbo já é uma das melhores escolhas hoje em dia entre os SUVs compactos.
Ficha técnica
Chevrolet Tracker 2021 Premier 1.0 12V flex automático 4p | |
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Preço | R$ 117.990 (12/2020) |
Categoria | SUV compacto |
Vendas acumuladas neste ano | 49.378 unidades |
Motor | 3 cilindros, 999 cm?/td> |
Potência | 116 cv a 5500 rpm (gasolina) |
Torque | 16,3 kgfm a 2000 rpm |
Dimensões | Comprimento 4,27 m, largura 1,791 m, altura 1,624 m, entreeixos 2,57 m |
Peso em ordem de marcha | 1271 kg |
Tanque de combustível | 44 litros |
Porta-malas | 393 litros |