Chevrolet Montana RS: carro de agroboy ou picape esportiva?
Nova versão topo de linha da picape tem itens exclusivos, mas faltam equipamentos pelo o que custa
A maioria das picapes já deixou de ser um rústico utilitário para trabalho pesado há um bom tempo. Há dez anos, uma parte delas passou a incorporar algumas características vindas dos SUVs e se tornaram SUPs (Sport Utility Pick-Ups). E agora inventaram as que se parecem com um esportivo, que é o caso da Chevrolet Montana RS (R$ 151.890), sigla que veio do lendário Camaro RS do final dos anos 60.
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Pois é, hoje em dia por uma questão de imagem, vale até usar os icônicos modelos que fizeram história. De qualquer forma, lá fomos nós ficar alguns dias com a Montana RS, pintada na nada discreta cor Vermelho Chilli, que é um tempero picante. Bem, se a GM quis sugerir algo quente, referindo-se ao desempenho da picape, não foi exatamente o que encontramos.
Não resta dúvida de que o motor 1.2 turboflex, de origem Opel, é um dos mais eficientes do mercado. Tem apenas três cilindros, mas rende bons 133 cv e bons 21,4 kgfm de torque a meros 2.000 rpm, o que ajuda a ter certa agilidade desde as primeiras marcações do contagiros, facilitando as ultrapassagens.
Mas faltou um câmbio menos hesitante entre as trocas e com hastes atrás do volante, algo pode parecer dispensável em alguns modelos, mas que cai bem em uma versão com pretensões esportivas, como é o caso da Montana RS.
Até pelos dados de desempenho é possível notar que o fôlego da versão RS é apenas mediano. Para acelerar de 0 a 100 km/h são necessários 10,1 segundos, com máxima de 160 km/h. Portanto, se por um lado o picape não faz jus à tradicional sigla que carrega, pelo menos mostrou que tem um dos melhores acertos de suspensão do segmento, conseguindo aliar boa estabilidade com alta capacidade de absorver as irregularidades do piso.
Mesmo às vésperas das eleições municipais, o que não falta em São Paulo é rua esburacada e cheia de obstáculos, como lombadas, valetas e afins. Ok, mas tudo isso não foi problema para a Montana RS, que se mostrou um carro bem confortável no dia a dia. Porém, no trânsito caótico da capital paulista, os grandes e salientes retrovisores ficam sujeitos a serem danificados e poderiam ser rebatíveis eletricamente para ajudar a passar em lugares apertados.
Pintados de preto brilhante, assim como vários outros itens, os espelhos externos, porém, contam com o aviso de ponto cego instalado no lugar certo, visível mesmo em dias de chuva forte, na base da peça e não na lente. Entretanto, no lugar do espelho interno eletrocrômico, existe apenas aquele singelo botão dia/noite, encontrado em carros bem mais em conta que a picape que passa dos R$ 150 mil.
O assunto equipamento parece bem oportuno, em se tratando da nova versão topo de linha da picape, não? O lado bom começa com a boa central multimídia com acesso nativo à internet e que vem com uma tela de alta resolução integrada ao cluster. Uma solução moderna e estilosa, assim como as rodas exclusivas de aro 17 com pneus 215/55R, volante multifuncional revestido de couro com o logo da Chevrolet escurecido, carregador do celular por indução, faróis com acionamento automático, entre outros itens.
Mas o espaço interno não é dos melhores para quem vai sentado no banco traseiro, que leva bem duas pessoas. O passageiro do meio terá que ficar em uma parte mais elevada e estreita. Em contrapartida o vigia traseiro tem desembaçador e o acabamento inclui revestimento de couro com detalhes vermelhos e detalhes feitos apenas para esta versão RS, como a textura do painel do lado do passageiro.
Estratégia para assustar a Toro
Bom também é que a tampa da caçamba tem amortecimento, podendo ser aberta sem nenhum esforço. Tem 874 litros, volume menor do que a da principal rival, a Fiat Toro, que conta com 937 litros. Pode vir com revestimento para proteger a pintura e capota marítima, itens que se tornaram importantes para quem procura uma picape SUP nos dias atuais.
Contudo, talvez por uma estratégia de marketing, a GM resolveu não incluir alguns equipamentos para deixar o preço da Montana RS mais de R$ 20 mil abaixo da Toro Volcano (R$ 178.590). Então, esqueça itens como regulagem elétrica do banco do motorista, GPS embutido na central multimídia, limpador de para-brisa automático, alertas de colisão frontal e de frenagem de emergência, assistente de farol alto, entre outros.
De esportiva, a Chevrolet Montana RS tem apenas, no máximo, a aparência. Mas quem se importa? A questão é turbinar a imagem de quem dirige com um fôlego apenas o suficiente para não fazer feio quando pegar uma estrada ou passar por caminhos de terra batida até condomínios ou pousadas do interior, tirando uma onda de heroi.
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