Com vendas em declínio, Honda WR-V 2019 ganha mais conteúdo
Versão aventureira do Fit passa a contar com central multimídia e ar-condicionado digital de série
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Se você pensa que nos bastidores das reuniões de precificação de um veículo estão vários especialistas calculando matematicamente o valor que será cobrado desses produtos, sentimos em dizer que a realidade é bem mais decepcionante. Se o custo desses automóveis são obtidos por meio de centenas de fatores o preço é uma decisão puramente de achismo.
O que define o valor de um carro é o famoso “quanto o cliente está disposto a pagar”. Claro que são analisados vários aspectos como preço da concorrência mas no fim prevalece um número mágico fruto das discussões de vários departamentos.
O problema é que às vezes eles acertam e muitas vezes erram para baixo ao pedir pouco para um produto cuja demanda surpreende positivamente. E quanto o tiro erra para cima? Aí, meus caros, o jeito é melhorar o pacote e tentar novamente, justamente o que faz agora a Honda com o WR-V.
Na linha 2019, o Fit travestido de SUV ganhou novos itens, nenhum deles revolucionário: ar-condicionado digital e central multimídia de 7 polegadas, itens que você leva no Fit pagando R$ 5 mil a menos.
Os preços, no entanto, continuam salgados, o que reforça a impressão de que o WR-V continuará vendendo pouco. Enquanto o WR-V EX custa R$ 82,1 mil o EXL tem preço de R$ 86,2 mil, aumento de 3,4% em relação aos valores de lançamento em março do ano passado.
“Carro pato”
Desde que chegou ao mercado, após ter sido revelado no Salão do Automóvel de 2016, o WR-V vê suas vendas minguando com o tempo. O modelo estreou com volumes beirando 2 mil unidades por mês mas já no final de 2017 emplacava cerca de 1,4 mil carros, pouco para um suposto “SUV compacto”, como afirma a Honda.
Este ano, no entanto, a situação se agravou, justamente quando o mercado está numa leve alta. A média está em torno de 1,2 mil unidades por mês, porém o Honda várias vezes não conseguiu atingir esse patamar mensal.
Mas, afinal, por que o WR-V tem sido um fracasso de vendas? Impossível afirmar com certeza, mas alguns indícios ajudam a entender isso. O primeiro deles é que o modelo não parece ter conseguido dissociar sua imagem do Fit. Ele é o que podemos chamar de “carro pato” em alusão aquele ditado que diz que a ave sabe nadar e voar mas não faz nenhum dos dois bem.
O WR-V não é um SUV autêntico, mas também não pode ser chamado de minivan. Ou seja, falta a ele elementos de um utilitário esportivo e sobram como um carro versátil, mas nesse caso melhor ir de Fit, o original e mais barato.
Talvez a histeria do consumidor em querer ter um SUV na garagem tenha motivado os executivos da Honda a bancar a mudança, realizada exclusivamente pela filial brasileira. Com suas várias virtudes, o Fit poderia assumir o papel de jipinho desde que ganhasse uma frente alta mais em linha com a proposta desse segmento. Mudanças pontuais na traseira enfatizando sua largura, uma suspensão elevada e molduras nos para-lamas completariam a “transformação mágica”.
Se desse certo, a montadora teria um produto com margem de lucro alta e que ocuparia uma faixa de preços logo abaixo do HR-V EX que hoje custa R$ 97 mil. Mas não funcionou.
Provavelmente, a percepção do consumidor foi a de que o WR-V continua sendo um Fit mas com um visual diferente e nem por isso interessante. Por R$ 82 mil é mais negócio levar um SUV de berço e que “saiba voar” como o Nissan Kicks S (R$ 82,5 mil) ou o Jeep Renegade Sport (R$ 84 mil), cuja linha 2019 também foi lançada nesta semana.
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