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Esperada há anos, 'invasão de carros chineses' no Brasil pode estar próxima
Desde 2009, marcas chinesas vendem carros no país, mas com poucos casos de sucesso. Expansão da Chery, chegada da GWM e possível compra da fábrica da Ford pela BYD podem mudar esse panorama
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Era o final da primeira década do milênio e o pensamento vigente na indústria automobilística brasileira se resumia a saber quando ocorreria a “invasão de carros chineses” no país.
O que se afirmava era que, após japoneses e coreanos, chegaria a vez das marcas da China desembarcarem no mercado com produtos atraentes e preços acessíveis.
Em 2009, a Chery foi a primeira a se aventurar no segmento de veículos de passeio, mas logo ficou claro que seus veículos ainda estavam bastante defasados para oferecerem qualquer risco aos modelos produzidos no Brasil.
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Dois anos depois, a JAC Motors fincou o pé no país em grande estilo, apoiada no conhecimento de mercado do empresário Sérgio Habib, que antes havia feito da Citroën uma marca desejada.
Após um início promissor, a JAC (e por tabela a Chery) foi alvo de uma mudança na legislação feita para barrar a invasão de importados. As duas tentaram driblar isso com projetos de nacionalização, mas a JAC fracassou em estabelecer uma fábrica na Bahia enquanto a Chery trouxe uma linha de montagem da China para Jacareí.
A fábrica paulista mal produziu, diante de problemas com o sindicato local. Foi preciso que a Chery se associe ao grupo brasileiro CAOA para que a situação mudasse. Desde então, a marca figura entre as mais vendidas do país.
Agora, perto de completar 14 anos da estreia no Brasil, a indústria automobilística chinesa parece finalmente em condições de promover a esperada “invasão”.
Três grupos devem liderar esse movimento, a já estabelecida CAOA Chery, a versátil BYD e a estreante GWM.
Esta última deu início à pré-venda dos seus primeiros modelos no Brasil em fevereiro, mas a grande tacada ocorrerá em 2024 quando começará a produção na fábrica de Iracemápolis (SP), comprada da Mercedes-Benz.
Já a Chery, além de ampliar as ações em conjunto com a CAOA, que reativará a fábrica de Jacareí, pretende montar veículos elétricos na Argentina em uma nova linha de montagem com capacidade para 100 mil unidades por ano.
Embora seja um projeto de longo prazo, certamente terá reflexos no Brasil, diante do acordo automotivo que vigora com nosso vizinho.
BYD em Camaçari?
O próximo passo para que nosso mercado veja mais carros de concepção chinesa deverá ser dado pela BYD. A empresa, que já atua no país produzindo ônibus, veículos comerciais e também soluções ferroviárias, passou a comercializar alguns veículos de passeio em 2022.
No entanto, ainda se trata de uma operação modesta, por isso o interesse em adquirir a fábrica da Ford em Camaçari (BA) poderá se transformar em uma revolução industrial da companhia.
O governo da Bahia anunciou no final do ano passado que a BYD havia assinado um protocolo de intenções para assumir o chamado Polo Automotivo de Camaçari, mas desde então não houve confirmação dos envolvidos sobre uma possível conclusão das negociações.
Embora tenha encerrado a produção no local em janeiro de 2021, a Ford tem mantido as instalações em boas condições prevendo sua possível venda para outra montadora.
Os planos da BYD envolveriam investimentos de R$ 3 bilhões e a geração de 1.200 empregos diretos. Além disso, a fabricante chinesa pretende implantar uma unidade de processamento de lítio e ferro fosfato, componentes utilizados na produção de baterias para veículos eletrificados.
Mudança de conceito
A expansão da presença dessas marcas chinesas no Brasil contrasta com o encolhimento da atuação de montadoras tradicionais, como ocorreu com a própria Ford.
A diferença em relação à década passada é que os fabricantes da China evoluíram em todos os sentidos, compreendendo melhor o desejo de clientes. Resta saber se outros aspectos que tornam uma marca bem vista pelo consumidor serão absorvidos, como um pós-venda eficiente, além de produtos duráveis e boa qualidade.
Ou seja, repetir os passos de empresas como a Toyota, que até hoje colhe os frutos do trabalho realizado há décadas no Brasil.
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