Ex-brasileiros: carros nacionais que foram trocados por modelos importados
Embora raramente se traduza em bons resultados, algumas montadoras têm optado por encerrar a produção de automóveis no Brasil para traz?los do exterior
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Apesar de ser um dos maiores mercados automobilísticos do mundo e de ter um parque industrial com uma capacidade de produção pelo menos duas vezes maior que a demanda, o Brasil ainda perde investimentos e modelos nacionais.
O mais recente caso foi o da Nissan, que decidiu trazer do México a nova geração do sedan Versa. Embora o modelo anterior, rebatizado como V-Drive, siga em produção, é pouco provável que ele mantenha um volume significativo de vendas daqui em diante.
A prática de trocar as linhas de montagem brasileiras por similares no exterior envolve uma série de fatores, entre eles, câmbio, acordos comerciais e ociosidade de algumas fábricas. Mas invariavelmente, isso significa queda nas vendas, o que mais causa estranheza nesse tipo de estratégia.
Recentemente, a indústria automobilística instalada no Brasil perdeu vários modelos importantes como a picape Frontier, o médio Cruze e o hatch compacto 208. Mas há também vitórias como a do novo Tracker, que deixou de ser importado do México para ser produzido em São Caetano do Sul.
Confira a seguir alguns modelos que nos últimos anos deixaram de ser brasileiros:
Chevrolet Cruze
A GM tinha tradição em produzir modelos de porte médio no Brasil desde o Monza. Com exceção de um breve período em que importou o Astra, a montadora sempre fabricou esse tipo de carro por aqui. Mas em 2015 preferiu investir na sua filial argentina para produzir a atual geração do Cruze.
Apesar de muito moderno e eficiente, o modelo, tanto na carroceria sedan quanto na hatch, tem emplacado muito menos do que a geração anterior, brasileira. Parte disso se explica pela perda de interesse dos consumidores, mas é fato que o Cruze nunca conseguiu encarar os nacionais Civic e Corolla.
Citroën Picasso
A minivan foi produzida em Porto Real na estreia da fábrica da PSA em 2001. Vendia bem, mas o segmento morreu e a Citroën não teve outra alternativa que não a de importar as novas gerações da Europa. Com isso, o modelo nunca mais foi acessível para os brasileiros.
Fiat Cronos
Quando pensou nos sucessores da família Palio, a Fiat resolveu mandar o sedan Cronos para a Argentina. A atitude não era estranha, afinal, a marca sempre complementou a produção dos modelos brasileiros no país vizinho, mas o Cronos deu azar. Com a crise econômica de longa data, a fábrica de Córdoba não consegue oferecer um produto tão competitivo quanto o Argo (feito em Betim). Até setembro, o sedan havia vendido pouco mais de 64 mil carros, ou um terço do irmão.
Nissan Frontier
A picape média já era produzida há muitos anos no Paraná quando a Nissan optou por levá-la para a Argentina, uma das ‘mecas’ desse tipo de veículo. A estratégia era mais ambiciosa, já que previa uma versão da Renault (a Alaskan) e também uma adaptação para a Mercedes-Benz, a finada Classe X. O resultado foi decepcionante: as vendas em 2019, as melhores até aqui, equivalem a menos da metade de 2012, pico de emplacamentos do modelo nacional.
Nissan Versa
A vinda do Versa mexicano é até compreensível. O modelo não paga impostos de importação e lá pode ser exportado para outros mercados. Com a saída do sedan, a Nissan deve produzir em Resende o Magnite, um mini-SUV que ficará abaixo do Kicks.
Peugeot 208
Depois de produzir o 206 e o 207 no Brasil, a Peugeot não titubeou em lançar o 208 como modelo nacional. Mas embora tenha sido um bom produto, o hatch nunca mostrou a que veio. Até teve um começo razoável, porém, as vendas têm declinado ano após ano. Por razões pouco claras, a PSA achou melhor levar a linha de montagem da nova geração para a Argentina, de onde passou a ser importado em setembro. Ainda é cedo para saber se isso vai resolver a pouca atração do modelo.
Volkswagen Golf
O famoso hatch médio teve uma vida atribulada no Brasil. Nos anos 90 e começo de 2000 era uma referência no mercado, mas a Volks parou de trazer as novas gerações, mantendo o modelo de 1999 em produção no Paraná. Só depois de perder a 5ª e a 6ª geração, nosso país voltou a ver um novo Golf, o modelo VII, que estreou vindo da Alemanha. Tempos depois, passou a ser importado do México e finalmente produzido no Brasil. Mas aí os ventos mudaram e o hatch virou um imenso fracasso. Hoje só é importado da Europa na versão GTE.
Caminho inverso
Volkswagen Jetta
O irmão do Golf não gostou dos ares nacionais. O sedan chegou a ser produzido em São Bernardo entre 2015 e 2016, mas já estava no fim da vida útil da geração, antes trazida do México. E foi de lá que a atual geração veio para fazer o modelo voltar a vender bem.
Chevrolet Tracker
O Tracker é um raro caso de modelo que foi nacionalizado recentemente e com enorme sucesso. Ajuda o fato de o segmento de SUVs compactos estar em alta, mas a nova geração é uma evolução considerável para a anterior, produzida no México. Espera-se que casos como o dele voltem a ser comuns no futuro.
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