Fiat Pulse não tira o Argo Trekking de linha. Mas o hatch ainda vale a pena?
Modelos atuam na mesma faixa de preço, mas poderão conviver caso a marca adote nova estratégia
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A estreia do Fiat Pulse com preços extremamente competitivos causou uma situação interessante dentro do portfólio da marca italiana.
Ao olharmos para a gama Argo, seu catálogo aventureiro Trekking hoje praticamente custa o mesmo (R$ 78.990) do que a Fiat cobrará no Pulse Drive 1.3 manual (R$ 79.990). Em ambos figura sob o capô o motor Firefly aspirado e a transmissão manual de 5 marchas.
Segundo a Fiat explicou no lançamento do Pulse, seu inédito SUV pequeno não vai retirar de cena o Argo Trekking, uma vez que, segundo a montadora, os modelos atendem públicos distintos.
É fato que o catálogo aventureiro do hatch desde sua estreia obteve ótima aceitação, mérito do bom trabalho de concepção do catálogo promovido pela Fiat. Ao mesclar altura em relação ao solo (21 cm) maior até do que alguns SUVs compactos e trazer para a versão inclusive pneus de uso misto, o Argo Trekking cumpre muito bem o papelo de ser uma alternativa "off-road light” dentro da gama.
Mas será que o hatch ainda vale a pena?
Partindo da relação entre o Argo Trekking 1.3 manual e o Fiat Pulse Drive mais acessível, a lista de itens de série do SUV é bem mais favorável e justifica a diferença de R$ 1 mil ao contar com 4 airbags de série, enquanto o Argo Trekking sai de fábrica apenas com as duas bolsas frontais obrigatórias por lei.
Pode não ser algo decisivo para a maioria dos consumidores, mas o Pulse Drive 1.3 manual acrescenta ainda as rodas de liga leve aro 16” (aço aro 15” com calotas no Argo Trekking 1.3) e a central multimídia do Pulse é mais sofisticada, com tela de 8,4” (7" no Argo Trekking) e suporte aos sistemas de espelhamento Apple CarPlay e Android Auto sem fio (no hatch ainda é necessário uso da conexão física entre o smartphone e a central).
Apesar do conjunto motor e câmbio idêntico entre o hatch e o SUV, a balança de desloca completamente a favor do Pulse na medida em que ele inaugura uma nova plataforma (MLA) dentro da gama Fiat, portanto com conjuntos de direção, suspensão, freios, entre outros pontos, totalmente estudados para o SUV.
Com isso, o Pulse entrega um comportamento dinâmico ainda mais refinado em relação ao Argo, o que representa um salto importante.
O SUV também é um modelo mais seguro, sobretudo pelo fato de já atender novas normas mais exigentes do ponto de vista da segurança estrutural e passiva.
Logo, tudo leva a crer que a Fiat deverá pensar em algum reposicionamento de preço (para baixo) no caso do Argo Trekking 1.3 de modo a mantê-lo com uma proposta competitiva dentro da gama.
O hatch ainda tem um papel interessante a cumprir, em especial para quem deseja apenas um compacto com proposta robusta, porém é fato que seu preço atual no mesmo nível do Pulse de entrada não é algo justificável, como analisamos.
E no caso do Argo Trekking 1.8?
Se olharmos para o extremo da gama Argo Trekking, no caso o aventureiro com motor 1.8 16V e câmbio automático (R$ 93.290), a situação fica mais curiosa, por assim dizer, uma vez que ele está no meio do caminho entre o Pulse Drive 1.3 com transmissão CVT (R$ 89.990) e o Pulse Drive Turbo 200 (R$ 98.990), no caso já com o moderno 1.0 GSE sob o capô.
Ao ponderarmos os dados técnicos, apesar do motor de maior deslocamento presente no Argo Trekking topo de linha, o Pulse Drive 1.3 automático entrega um compromisso mais interessante em termos de eficiência — e ainda tem a vantagem de custar menos.
Segundo dados da própria Fiat, o Pulse Drive 1.3 CVT (107 cv/13,7 kgfm) acelera de 0 a 100 km/h em 11,4 segundos com etanol, enquanto, mesmo com todo o torque superior do 1.8 16V (139 cv/19,2 kgfm), o Argo Trekking topo de linha é 1 segundo mais rápido, diferença não tão expressiva assim.
A grande questão é que, considerando as médias com gasolina, o Pulse Drive 1.3 registra parciais de 12,9 km/l na cidade e 14,3 km/l na estrada. O Argo Trekking 1.8 automático, por sua vez, alcança 9,4 e 11,9 km/l, respectivamente, números nada competitivos se comparados ao de veículos mais modernos.
Caso o orçamento permita a escolha do Pulse Drive com motorização 1.0 turbo, a compra do SUV é ainda mais acertada nesse contexto.
Em resumo, como foi possível constatar até aqui, o Fiat Pulse traz uma proposta inegavelmente agressiva em termos comerciais, o que deverá promover um realinhamento de alguns produtos, como é o caso da gama Argo Trekking.
O hatch segue um produto competente dentro de sua proposta, mas precisa ter, a partir de agora, um preço condizente com a realidade do mercado instituída a partir do lançamento do Pulse.
Com valores mais acessíveis, a proposta aventureira do Argo Trekking sem dúvida pode atender com competência um leque considerável de consumidores. Vamos acompanhar de perto as movimentações da Fiat nos meses que virão.
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O "Guru dos Carros", César Tizo se juntou ao time este ano e est??frente dos portais AUTOO e MOTOO. ?o expert em aconselhar a compra de automóveis