Fiat Toro ou Renault Duster Oroch: por qual delas optar?
Colocamos lado a lado as picapes que criaram um novo segmento no Brasil
Antes de falar dos modelos em si, é bom elogiarmos a Renault Duster Oroch e a Fiat Toro por inaugurarem um subsegmento no Brasil, no caso as picapes compactas-médias, classificação adotada pelo Autoo para identificar esses veículos. A Duster Oroch chegou um pouco antes ao mercado, em setembro de 2015, enquanto a Fiat Toro foi introduzida um pouco depois, em fevereiro de 2016, o que marcou uma boa disputa entre as duas fabricantes pela primazia do lançamento.
Fato é que a proposta de Oroch e Toro mostrou-se vitoriosa. Ao realizarem a ponte entre as picapes compactas – preservando o conforto ao rodar e o comportamento ao volante típico de um carro de passeio – com a maior capacidade de carga de uma picape média (a Toro diesel, no caso, pode carregar até 1 tonelada na caçamba), as picapes compactas-médias conseguem reunir de uma maneira singular o melhor de dois mundos.
Com a Fiat Toro registrando uma média de mais de 3.600 emplacamentos/mês no começo de 2019 e a Renault Duster Oroch outros 915 emplacamentos/mês também considerando o primeiro bimestre do ano, essas picapes mostram que o segmento deverá se solidificar muito bem ao longo dos próximos anos. Não é por acaso que a Volkswagen já anunciou que entrará nele com a Tarok até o fim de 2020 e a Hyundai também sinaliza, desde 2016, quando mostrou o protótipo Creta STC (Sport Truck Concept), que olha com muita atenção para a categoria.
Propostas
Voltando nossa análise para Fiat Toro e Renault Duster Oroch, quando colocamos as picapes lado a lado começamos a notar suas primeiras diferenças em termos de aplicação.
A Oroch é bem mais curta que a Toro, com a picape da Renault estacionando nos 4,69 m de comprimento, enquanto a Fiat quase encosta nos 5 m de comprimento, totalizando 4,91 m de um para-choque a outro. Se a Duster Oroch é mais fácil de usar na cidade e manobrar em vagas apertadas, a caçamba da Toro é mais generosa graças às dimensões superiores da picape, podendo acomodar 820 litros de bagagem enquanto a Oroch permite colocar 683 litros no compartimento.
De qualquer forma, naqueles momentos em que você precisa transportar objetos de maior volume, como uma bicicleta, por exemplo, é que a versatilidade que as caçambas proporcionam nos ajudam a entender porque essas picapes vendem tanto. Para quem precisa de um carro “coringa”, que atenda tanto ao trabalho como o uso familiar, modelos como a Toro e a Oroch caem como uma luva. Aqueles que levam uma vida mais “ativa”, como o jargão de marketing gosta de caracterizar, também encontram na Toro e na Oroch ótimos modelos para transportar cinco passageiros com conforto e ainda levar vários apetrechos para diferentes modalidades esportivas.
Cabines
Já que tocamos no assunto passageiros, vale a pena falarmos sobre a parte interna de Oroch e Toro. Enquanto a Renault usou a simples, porém eficaz, plataforma B0 de Logan, Sandero e Duster na criação da Oroch, a Toro é construída sobre a mesma arquitetura dos Jeep Renegade e Compass, que é mais sofisticada, uma vez que precisa lidar com o maior torque da opção diesel bem como a capacidade de carga que pode chegar a 1 tonelada.
Basicamente vamos encontrar na Oroch a mesma sensação de espaço que temos dentro de um Duster, enquanto a Toro é um meio termo entre o Renegade e o Compass, mas podemos dizer que ninguém passa aperto dentro dos dois modelos. Os bancos também são bem posicionados e essas picapes mostram como os projetos de veículos comerciais evoluíram ao longo dos anos. Toro e Oroch em nada lembram as primeiras picapes médias cabine dupla, em que os passageiros do banco traseiro encontravam assentos nada confortáveis e muitas vezes com o encosto reto demais.
Um projeto inovador como a Oroch merecia uma tratamento mais arrojado para o painel e o console central. Ao compartilhar sua origem com o Duster, a Oroch bem que se esforça para parecer mais nobre, adotando até alguns elementos em plástico preto brilhante no painel, porém a ergonomia longe da ideal e o aspecto de simplicidade herdados do SUV são difíceis de ignorar. Sob esse aspecto, a Fiat soube criar uma picape bem melhor resolvida. Ao dividir sua plataforma com modelos em que o baixo custo não era premissa de seus projetos, como é o caso do Renegade e do Compass, a parte interna da Toro encanta mais. A única crítica vai para a central multimídia oferecida em algumas versões da Toro, que usa uma tela pequena demais.
Ao volante
Um ponto muito louvável tanto na Oroch como na Toro vai para o conjunto de suspensão desses modelos. As duas picapes contam com as quatro rodas independentes, o que traz ganhos substanciais para o conforto e o comportamento dinâmico. Se você sai de uma picape compacta para uma Toro ou uma Oroch, vai notar um comportamento bem semelhante, com a diferença na “tocada” apenas pelo tamanho maior dos modelos. Em relação às picapes médias, o rodar da dupla de Renault e Fiat é bem mais suave e confortável. O eixo rígido das picapes médias, por mais que incorpore robustez a esses modelos, sacrifica a suavidade ao rodar em especial quando elas trafegam com suas caçambas vazias.
De uma maneira geral, é claro que, respeitando seus tamanhos, Toro e Oroch contam com uma condução bem neutra e equilibrada, ambas entregando um bom acerto e refinamento dinâmico. Não espere, obviamente, um comportamento esportivo desses dois modelos, mas dentro do que elas foram concebidas para entregar ao volante a dupla se sai muito bem.
Conjuntos mecânicos
Hoje em dia, é fato que a Fiat Toro conta com uma gama de conjuntos mecânicos bem mais interessante do que a Renault oferece para a Oroch, algo que a marca francesa poderá aprimorar no futuro com a nacionalização do motor 1.3 turbo.
Na gama Toro, temos à disposição três opções de motores, começando pelo 1.8 16V, o 2.4 16V e o 2.0 turbodiesel, este último, sem sombra de dúvida, o mais indicado para a picape ao conciliar não só o melhor desempenho com menor consumo, bem como oferecer o câmbio automático de 9 marchas trabalhando com o sistema de tração integral.
No caso da Renault Duster Oroch, para quem deseja a picape com câmbio automático, a única opção reside no motor 2.0 16V associado a uma caixa já defasada com somente 4 marchas. Com isso, o consumo da Duster Oroch 2.0 automática não é dos melhores, bem como todo o desempenho que o motor poderia entregar acaba sendo limitado pelo câmbio. Basta olharmos as médias de consumo oficial, onde a Oroch 2.0 automática não vai além de 8,6 km/l na cidade e 10,3 km/l na estrada considerando o uso de gasolina. Apenas como comparação, a Fiat Toro 2.4, que oferece mais potência e torque e ainda é mais pesada, consegue alcançar 8,7 e 10,8 km/l, respectivamente, com o mesmo combustível.
Na medida em que avançarmos para a próxima década, a Fiat também deverá promover uma boa re-estruturação em sua gama de motores com a chegada dos propulsores 1.0 e 1.3, ambos com turbo e injeção direta, o que deverá dar vida nova às versões de entrada da Toro. A opção mais acessível da picape da Fiat também carece de um conjunto mais animador, porém ao menos o motor 1.8 16V trabalha com uma transmissão de 6 marchas e entrega números de consumo ligeiramente melhores que a configuração 2.4 (9,5 e 11,2 km/l, respectivamente).
Claro que ele cobra um custo elevado, atualmente de pelo menos R$ 136.490 na versão Freedom, mas no que encontramos hoje em dia nas picapes compactas-médias, o conjunto formado pelo motor 2.0 turbodiesel e câmbio automático de 9 marchas com tração integral é, de longe, o mais interessante para esses modelos. Vamos ver como ficará a situação quando os novos propulsores flex sobrealimentados chegarem à categoria.
Conclusão
De uma maneira geral, podemos apontar hoje a Fiat Toro como a escolha mais interessante para quem deseja optar entre as duas picapes compactas-médias do mercado.
A Toro conta com um habitáculo melhor resolvido, é maior, porém oferece uma caçamba mais generosa (o que pode algo primordial para quem considera a compra de uma picape) e ainda, pelo menos hoje, oferece a gama de conjuntos mecânicos mais variada e interessante.
A Renault Duster Oroch pode atrair quem não precisa de um utilitário maior como a Toro, porém sua versão automática deixa muito a desejar no que diz respeito à eficiência energética. Uma alternativa, talvez, seria optar pelas versões manuais (de 5 marchas com motorização 1.6 16V ou 6 velocidades com o motor 2.0 16V), porém sabemos que hoje o público deseja mesmo o conforto da transmissão automática.
A bordo da Fiat Toro, se possível na configuração diesel, você estará em uma excelente opção!
Ficha técnica
Renault Oroch 2019 Dynamique 2.0 16V flex automático 4p | |
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Preço | R$ 80.140 (03/2019) |
Categoria | picape compacta-média |
Vendas acumuladas neste ano | 6.071 unidades |
Motor | 4 cilindros, 1998 cm?/td> |
Potência | 143 cv a 5750 rpm (gasolina) |
Torque | 20,2 kgfm a 4000 rpm |
Dimensões | Comprimento 4,7 m, largura 1,821 m, altura 1,695 m, entreeixos 2,829 m |
Peso em ordem de marcha | 1375 kg |
Tanque de combustível | 50 litros |
Caçamba | 683 litros |