Honda Civic chega ?11?geração com proposta burocrática
Lançado nos EUA como linha 2022, sed?estreia com estilo sem imaginação e novidades técnicas óbvias e mais focadas na versão Touring. No Brasil, modelo pode virar importado
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A estreia da 11ª geração do Civic nos EUA teve ares melancólicos. A Honda, sob o pretexto de tornar o sedã mais “simples e de linhas limpas”, na verdade transformou o carro num veículo “simplório” e sem imaginação.
O resultado só não é mais decepcionante que o da 9ª geração, concebida após a crise financeira mundial de 2008 e que podou qualquer ousadia semelhante ao antecessor.
De fato, não se esperava grandes arroubos de modernidade no novo Civic já que a 10ª geração tinha pegado mais pesado no visual esportivo e rebuscado, mas numa análise inicial, a linha 2022 americana simplesmente não diz a que veio.
A Honda seguiu o roteiro conhecido ao conceber o novo carro, a saber:
- Ampliou ligeiramente suas dimensões, com destaque para o entreeixos de quase 2,74 m;
- Aprimorou os motores 2.0 litros aspirado e 1.5 turbo, que oferecem mais desempenho e menos consumo;
- Fez uso de LEDs com mais ênfase no exterior;
- Equipou o carro com telas digitais maiores, incluindo o cluster;
- Incorporou toda a parafernália eletrônica de auxílio ao motorista como o sistema Honda Sensing;
- Reforçou a estrutura da carroceria;
- Refinou a suspensão e o ajuste da direção elétrica.
Ou seja, nada que não fosse esperado e até obrigatório. Com o argumento de voltar às origens do carro, a Honda introduziu um estilo absolutamente repetitivo, a ponto de certamente passar despercebido caso os logotipos fossem suprimidos – duvido que alguém faria o mesmo com a marcante 10ª geração.
A grande sacada no visual do Civic 2022, na opinião da Honda, foi alongar o capô em 2 cm para enfatizar uma “silhueta premium”. Mas o capô grandão traz os mesmos motores 2.0 aspirado e 1.5 turbo de antes, embora aprimorados (é o mínimo que se espera após cinco anos de produção).
O perfil da carroceria, como é tendência, flerta com ares de cupê, com a caída bastante longa, quase no final do porta-malas. Por falar nele, o espaço para bagagens voltou a encolher.
Se o Civic anterior levava 519 litros, o novo perdeu 100 litros na versão americana. Está menor que o da geração 9, mas ainda um pouco mais espaçoso que o “new Civic”.
Se cresceu no entreeixos e não ganhou porta-malas, entende-se que o espaço interno ficou bem mais generoso, mas isso não é totalmente verdade.
Comparando o Civic 2022 com o anterior (modelo dos EUA), a nova geração oferece o mesmo espaço para cabeça, pernas e ombro (na frente). O espaço para ombros no banco dianteiro teve um acréscimo mínimo enquanto o espaço para os quadris teve uma ligeira ampliação.
Versões | LX | Sport | EX | Touring |
---|---|---|---|---|
Motor | 2.0 16V | 2.0 16V | 1.5 turbo | 1.5 turbo |
Potência | 158 hp | 158 hp | 180 hp | 180 hp |
Torque | 19,1 kgfm | 19,1 kgfm | 24,5 kgfm | 24,5 kgfm |
Transmissão | CVT | CVT com paddle-shift | CVT | CVT com paddle-shift |
Modos de direção | Não | Sim | Não | Sim |
Rodas e pneus | 16 pol 215/55 | 18 pol 235/40 | 17 pol 215/50 | 18 pol 235/40 |
Honda Sensing | Sim | Sim | Sim | Sim |
Airbags | 10 | 10 | 10 | 10 |
Apple CarPlay e Android Auto | Sim | Sim | Sim | Sim |
Central multimídia | 7 pol | 7 pol | 7 pol | 9 pol |
Som Bose | Não | Não | Não | Sim |
Painel decepciona
Não se sabe bem a razão de a Honda ter publicado nesta semana um conceito de painel com ares bem mais empolgantes, justamente na véspera de apresentar o Civic. Como AUTOO mostrou nesta quarta-feira, a solução seria muito mais marcante e compensaria o ar modorrento do exterior.
Mas os futuros proprietários do Civic 2022 conviverão com um interior que se tem alguns elementos interessantes é no geral bastante aquém do que a Honda poderia fazer.
Embora siga o tal conceito “Máximo Homem/Mínimo Máquina” (numa tradução literal), o novo painel deixou o interior um tanto perdido, com imensos porta-copos e porta-objetos como se não houvesse com o que preenchê-lo.
É o tal design minimalista que, sim, é algo positivo, mas que não combina com uma enorme central plantada no topo do console ou um volante imenso e sem qualquer toque esportivo. A solução em colméia dos difusores de ar, por outro lado, agrada, mas não salva.
8ª geração | 9ª geração | 10ª geração | 11ª geração | |
---|---|---|---|---|
Medidas | 2006-2011 | 2011-2016 | 2016-2021 | 2021 |
Comprimento | 4,489 m | 4,525 m | 4,637 | 4,674 m |
Largura | 1,752 m | 1,755 m | 1,799 | 1,80 m |
Altura | 1,45 m | 1,45 m | 1,433 | 1,415 m |
Entreeixos | 2,70 m | 2,668 m | 2,7 | 2,736 m |
Porta-malas | 340 litros | 449 litros | 519 litros | 419 litros |
Peso em ordem de marcha | 1.272 kg | 1.306 kg | 1.326 kg | 1.363 kg |
Motor principal | 1.8 | 2.0 | 1.5 turbo | 1.5 turbo |
Potência | 140 cv | 155 cv | 173 cv | 180 hp |
Torque | 17,7 kgfm | 19,5 kgfm | 22,4 kgfm | 24,5 kgfm |
Transmissão principal | Aut. 5 marchas | Aut. 5 marchas | CVT 7 marchas | CVT |
Espaço para cabeça | 100 cm/94 cm | 100 cm/94 cm | ||
Espaço para as pernas | 107 cm/95 cm | 107 cm/95 cm | ||
Espaço para os ombros | 145 cm/140 cm | 145 cm/142 cm | ||
Espaço para os quadris | 136 cm/120 cm | 138 cm/124 cm | ||
Volume do habitáculo | 2,77 m³ | 2,8 m³ |
Veja a galeria de imagens do novo Honda Civic 2022
Ah, sim, mas o Civic 2022 ganhou painel de instrumentos digital...ledo engano, a novidade é de série apenas na versão Touring. Aliás, como é um (mau) hábito na Honda, o sedã também deixa soluções óbvias apenas para o modelo mais caro, como a central de 9 polegadas (a comum tem 7 polegadas) e som Bose.
Ao menos no quesito segurança, o novo carro incorpora algumas novidades importantes como um novo airbag frontal que reduz ferimentos no pescoço e cabeça e airbags laterais para os ocupantes do banco traseiro.
De resto, o novo Civic 2022 vem com a lista obrigatória que inclui conexão sem fio com o Carplay e Android Auto, recarga de smartphone por indução, câmera frontal, assistente de congestionamento e controle de frenagem em baixa velocidade, entre outros.
Felizmente, a Honda manteve a suspensão independente na traseira enquanto continua a equipar o sedã com transmissão CVT com funcionamento revisado para economizar combustível e simular marchas de forma mais eficiente.
Adeus ao Civic nacional?
A estreia do Civic 2022 nos EUA é esperada para o começo do segundo semestre, com produção apenas no Canadá. A novidade é que a Honda vai vender o novo Civic hatch e produzi-lo nos Estados Unidos em breve.
Apesar da perda de apelo dos sedãs compactos (para os padrões globais), o Civic ainda mantém uma boa clientela na América do Norte. No restante do mundo, no entanto, o cenário é diferente e para pior, o que inclui o Brasil.
Se chegou a emplacar mais de 60 mil unidades em 2013, o Civic brasileiro perdeu clientes após a chegada do HR-V. Em 2020, o sedã teve apenas 20,5 mil unidades vendidas e neste ano não deve atingir nem esse patamar.
Como AUTOO revelou em primeira mão, a Honda teria desistido de fabricar a nova geração no país. Em vez disso, pode investir no novo City, que está ganhando musculatura e é um produto mais barato de produzir, ainda mais que ele ganhará a companhia da inédita versão hatchback.
Provavelmente não será a despedida do modelo, que pode ser importado em versões mais equipadas no futuro. Se a 11ª geração encontrar interessados, é claro.
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