Impressões: Citroën C3 Aircross ter?a compra racional como trunfo para vencer a concorrência
Bom conjunto mecânico e espaço interno generoso são atributos para tentar fazer o consumidor relevar o acabamento fraco
Sabemos que a decisão de comprar um carro não é só baseada em termos técnicos. São diversos fatores que fazem uma pessoa ir até uma concessionária e fechar a compra, mas o lado emocional quase sempre toma a frente do processo. O Citroën C3 Aircross, lançado nesta semana, vai ter que vencer isso.
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O carro é bem desenhado. Se aproveita muito do design do C3 hatch, como a frente e as formas gerais das laterais e da traseira. Parece mais uma versão perua do que um SUV baseado. E isso é bom. O Aircross é bonito, mas o projeto desenvolvido no Brasil e na Índia grita corte de custos por todos os lados.
Se o vendedor entregar a chave para o cliente testar o carro, a primeira impressão certamente será negativa. O comprador pode achar que se trata da peça reserva, já que a chave não é nem do tipo canivete, quem dirá presencial, usada por alguns modelos na mesma faixa de preço.
A chave simples com os dois botões de abrir e trancar as portas reflete o que será encontrado lá dentro. Ao abrir a porta, o interessado no SUV vai encontrar plásticos por todos os lados. A escolha dos materiais deve ter sido feita com uma planilha de preços ordenados pelos mais baratos. Ao puxar a porta para fechar, achei que a forração toda ia sair na minha mão. Mas não saiu (ainda bem).
Uma olhada no painel da versão Shine, a topo de linha, de R$ 129.990, e logo a primeira surpresa. Sai o painel digital simples ao extremo do C3 hatch (presente na versão Feel do Aircross ainda) e entra uma tela digital, a mesma que a Stellantis usa nos Fiat Pulse e Fastback. Ela pode ser configurada para mostrar o conta-giros, informação que o C3 nega aos seus motoristas.
A segunda surpresa é o espaço interno. Com o banco ajustado para os meus 1,79 m de altura, sobra mais de um palmo para as pernas de quem vai atrás na versão de cinco passageiros, que é a que começa a ser vendida agora. A de sete vem em 2024.
Ainda sobra espaço no porta-malas para quase 500 litros de bagagem.
Três pessoas podem se sentar com conforto por ali que não vai ter problema. O assento do motorista é confortável, mas muito alto, mesmo em sua posição mais baixa.
Se dirigir, vai gostar
Hora de ligar o motor 1.0 turbo de 130 cv e 20,4 kgfm. A chave simples tem que ir ao miolo da ignição e ser girada como nos velhos tempos. O ruído dos três cilindros trabalhando pode ser escutado lá de dentro com clareza, esperado para um isolamento acústico mais simples.
Coloco a alavanca de câmbio em drive e saio pelo vilarejo da Praia do Forte, no litoral baiano. As ruas de paralelepípedo são a amostra perfeita do bom trabalho de engenharia feito na suspensão, que recebeu algumas melhorias em relação ao hatch.
O sistema quase não copia as imperfeições do piso para os ocupantes, que passam por esse trecho de ruas de pedra com conforto. Realmente houve um acerto da Citroën aqui.
Ao chegar na rodovia que margeia as praias da região foi possível notar outro acerto da marca. O motor 1.0 turbo que já equipa outros carros do grupo casou muito bem com o SUV. O desempenho é bom, o câmbio CVT com sete marchas simuladas responde rápido e a suspensão, de novo, trabalha bem para passar uma sensação de estabilidade nas curvas.
Em uma região com um bom trânsito de buggys e caminhões, ultrapassagens não foram um problema para o C3 Aircross. Mas, posso ser um pouco repetitivo, mas dava para ouvir todos os barulhos da mecânica, até o apito característico do alívio do turbo nas desacelerações. Já dirigi outros carros com esse motor e ele nunca foi tão presente assim.
Já que barulho vai ser uma presença constante nessa rápida convivência, o jeito é ligar o sistema de som na tela multimídia de 10” com Android Auto e Apple Carplay sem fio. O ar-condicionado, que pelos quase R$ 130 mil do preço poderia ser automático e digital, resolve outro problema do calor baiano.
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Mas para que o cliente descubra essas qualidades, ou ele acredita no que estou dizendo, ou os vendedores vão ter que quebrar a primeira barreira. Afinal, a concorrência oferece produtos mais atrativos pelo mesmo preço. Dá para comprar, por exemplo, um Chevrolet Tracker de entrada ou um Renault Duster intermediário.