Jac Motors agora s?tem concessionária em cinco cidades no Brasil

Dívida do importador, o Grupo SHC, não para de subir, aponta relatório independente

São Paulo, Curitiba, Florianópolis, Porto Alegre e Brasília. Essas são as únicas cidades brasileiras que sobraram na lista de concessionárias da Jac Motors no Brasil. As demais fecharam.

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Não é demais lembrar que quando a marca chegou aqui, em 2011, foram abertas cinquenta concessionárias em 28 cidades – na época a Jac Motors fez uma ação publicitária dizendo que todas seriam inauguradas na mesma data, 18 de março, no que chamou de “Dia J”.

As únicas lojas que sobraram são do próprio Grupo SHC, de Sérgio Habib, importador e representante oficial da marca. A última concessionária nomeada que resistia, do Grupo Maipon, em Aracaju, encerrou as atividades no ano passado.

PROMESSAS NÃO CUMPRIDAS

JAC Hunter HD 4x4
JAC Hunter HD 4x4, que acaba de ser lançada pela marca chinesa no Brasil
Imagem: Divulgação

Em 13 anos de Brasil a Jac Motors, na pessoa de seu presidente, Sérgio Habib, fez muitas promessas – mas não cumpriu várias. Exemplos: em 2011 ele disse que a Jac construiria fábrica no Brasil, em Camaçari, na Bahia, que nunca saiu do papel; em 2017, anunciou que a fábrica seria erguida em Goiás, o que também não aconteceu.

No mesmo ano, disse que a atuação da marca seria focada em SUVs e utilitários, algo que mudou em 2021, com a chegada do carro compacto elétrico e-JS1; e em 2022 assegurou que comercializaria dali por diante somente veículos 100% elétricos, promessa novamente quebrada agora, em 2024, com o lançamento da Hunter, picape média com motor a diesel.

E quem não mora em uma das cinco cidades que ainda têm concessionária da Jac Motors no Brasil?

Consultada, a marca disse, por meio de sua assessoria de imprensa, que “conta com 120 oficinas credenciadas, todas autorizadas para manutenção, revisões e garantia. Para a comercialização de veículos pelo Brasil, contamos com todas as credenciadas como hub para a demonstração regional, locais onde a Jac se compromete a levar a sua nova picape até o cliente para testes”.

O que a Jac Motors chama de hub são oficinas mecânicas absolutamente comuns, destas que conhecemos plenamente, sem nada de especial, que atendem veículos de qualquer marca.

Nenhuma delas é especializada em carros elétricos, tampouco têm qualquer estrutura ou área destinada para vender carros. De toda forma parece difícil acreditar que alguém gastaria quase R$ 300 mil para comprar uma picape 0 km de marca que sequer tem concessionária em sua cidade, e cuja manutenção (e eventual serviço em garantia) será feita por uma oficina mecânica independente.

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DÍVIDA NÃO PARA DE SUBIR

Concessionária da JAC Motors na década passada, quando foram lançados os modelos J3, J6, J5, entre outros
Loja da JAC Motors na década passada, quando foram lançados os modelos J3, J6, J5, entre outros
Imagem: Divulgação

A atual situação da Jac Motors no país é reflexo direto da condição financeira do Grupo SHC, que pode ser considerada como delicada. O grupo está em recuperação judicial há quase seis anos, desde o fim de 2018. Deveria ter saído deste cenário ainda em 2021, dentro de um período padrão, mas o Ministério Público foi contra, alegando “superendividamento”.

Assim, o Grupo SHC segue em recuperação judicial até hoje – e desta forma seus movimentos são acompanhados de perto pela Justiça. Esta coluna obteve acesso a documentos que relatam a condição atual do Grupo SHC, dentro de seu processo de recuperação judicial. 

A análise (feita por fiscais independentes) indica que “o endividamento não para de subir” e já está na casa de 364% dos ativos – ou seja, a empresa deve mais de três vezes o valor de tudo que tem, como estoques, valores a receber, patrimônio, etc. Em dezembro de 2018, quando o Grupo SHC pediu recuperação judicial, o índice de endividamento era de 154%.

As informações apontam ainda “inexistência de liquidez em todos os períodos e cenários analisados”. A dívida do Grupo, de acordo com estes documentos, chega à casa de R$ 800 milhões só em obrigações tributárias e trabalhistas, ou seja, sem contar outros débitos com bancos, fornecedores etc.

Além disso o Grupo SHC reduziu em cerca de 30% seu quadro de funcionários desde o fim de 2018, aponta o relatório obtido pelo Use Elétrico.

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