Jeep Compass chega para ser a referência no segmento
Testamos a versão intermediária do Compass 2.0 flex, a Longitude, que dever?ser a mais procurada do modelo
Depois de apresentar o SUV com motor a diesel no fim de setembro, agora a estratégia da Jeep para o recém-lançado Compass fica clara. Caberá às versões mais caras – trazendo o 2.0 MultiJet II sob o capô – encarar os rivais alemães da categoria de SUVs médios, com destaque para modelos como o Audi Q3 e o Mercedes-Benz GLA. Já para enfrentar os congêneres asiáticos, elencando uma lista com modelos de peso na categoria como Honda CR-V, Toyota RAV4 e Hyundai ix35, a carta na manga da Jeep para o Compass foi importar do México o motor 2.0 Tigershark, torná-lo flex e realizar um casamento (bem-sucedido) com o câmbio automático Aisin de 6 marchas.
O fato de ser produzido no Brasil, ao lado do Renegade e da Fiat Toro, confere ao Compass uma vantagem bem interessante em termos de preço, algo que a Jeep soube valorizar bem. Mesmo se colocado ao lado do Hyundai ix35, outro SUV médio feito aqui, o representante da Jeep continua na dianteira quando o assunto é custo-benefício. Desde a versão de entrada, a Sport 2.0 flex, tabelada em R$ 99.990, o Compass conta com os controles de tração e estabilidade, freio de mão com acionamento elétrico e central mulitmídia com navegador, itens que o ix35 de mesmo valor não contempla.
Pelo menos para início das vendas do Compass, previstas para começar a partir de 5 de novembro, a Jeep aposta que o motor 2.0 flex será responsável por 70% do mix de vendas do SUV e, dentro desse total, a versão intermediária Longitude deverá ser a mais procurada com o propulsor Tigershark sob o capô. E foi por esse motivo que o AUTOO a escolheu para o primeiro teste com o Compass.
Com um bom pacote de itens de série, o Compass Longitude 2.0 flex de R$ 106.990 acrescenta em relação ao Sport as rodas de liga leve aro 18”, chave presencial e central multimídia com uma generosa tela de 8,4”. Um deslize, contudo, vai para o revestimento interno de couro. O Compass Logitude sai de fábrica apenas com o volante revestido do material, sendo, que se você quiser os bancos e laterais de porta com este requinte será preciso adquirir o “pacote premium” (R$ 3.500) e levar em conjunto o sistema de som Beats com 506W de potência, sensores de chuva e luminosidade e retrovisor interno eletrocrômico. Convenhamos que, quando se paga mais de R$ 100.000 em um carro, seria interessante ele já oferecer o revestimento interno de couro, concorda?
Configurações à parte, por dentro do Compass o que notamos é a boa qualidade de acabamento introduzida pelo Renegade e que destaca a “aura premium” da marca Jeep por aqui. Com plásticos de bom aspecto visual, botões e comandos rotativos com o peso certo para o acionamento e uma ergonomia bem acertada, o Compass já agrada na hora que você entra no carro para dirigir. Os bancos dianteiros contam com encostos generosos para as costas e cabeça, acomodando bem o corpo. Os porta-objetos e porta-copos no console central estão bem posicionados, criando um ambiente bem prático para motoristas e passageiros.
Ponto positivo também vai para a boa arquitetura interna do Compass. Ela é muito boa para 4 adultos e o porta-malas de 410 litros já é o suficiente para acomodar com facilidade o conjunto de bagagens de uma família. Curioso que, apesar dos 1,81 m de largura da carroceria, a sensação no banco traseiro do Compass é que faltará espaço para os ombos dos passageiros caso você acomode um adulto no meio do banco. Mesmo assim, no que diz respeito a área para pernas e cabeça não há do que reclamar.
A suspensão independente nas quatro rodas do Compass é outro atributo que rende comentários bem favoráveis. Com geometria McPherson para os eixos dianteiro e traseiro, o Compass é um carro bem singular ao reunir características peculiares dos estilos norte-americano e europeu, uma prova de que a fusão Fiat Chrysler deve render bons frutos. Do lado dos americanos, o Compass é um carro extremamente suave na cidade, esforçando-se ao máximo para que sacolejos de buracos, valetas e lombadas não chegem aos passageiros. Já na hora em que você cai na estrada e encara uma serra cheia de curvas verá como o Compass entrega uma sensação de segurança e controle dinâmico pouco vistas na categoria, algo que seguramente tem o dedo dos engenheiros italianos.
Curioso no Compass também é a posição de dirigir, bem mais próxima a de um sedã do que um SUV. O volante está em uma linha mais reta em relação aos braços do motorista, o qual não fica tão verticalizado como em alguns concorrentes. Sem dúvida é uma proposta que agradará em cheio quem gosta de um tempero a mais de esportividade na hora de dirigir. Ou será que deixar o Compass mais próximo a um sedã foi intencional? Pelo visto não resta nenhuma dúvida.
R$ 106.990 SUV médio Honda CR-V, Toyota RAV4, Hyundai ix35 estreia em 2016 2.0 16V, flex 166 cv (E) / 159 cv (G) a 6.200 rpm 20,5 kgfm (E) / 19,9 kgfm (G) a 4.000 rpm Automática, 6 marchas 4,41 m de comprimento, 1,81 m de largura, 1,63 m de altura e 2,63 m de entre-eixos 1.541 kg 410 litrosJeep Compass Longitude 2.0 flex
Resumo
Preço
Mecânica
Motor
Dimensões
Medidas
Segundo a Jeep o motor 2.0 Tigershark consegue levar o Compass Longitude de 0 a 100 km/h em 10,6 segundos e até 192 km/h de velocidade máxima quando abastecido com etanol, o que resulta em parciais de consumo na casa de 5,5 km/l na cidade e 7,2 km/l na estrada. Com gasolina, o consumo melhora sensivelmente, chegando a médias de 8,1 km/l na cidade e 10,5 km/l na estrada, valores que foram semelhantes aos obtidos pelo AUTOO durante nossa avaliação. Apenas como comparação, um Honda CR-V 2.0 16V com tração integral é capaz de percorrer 9,2 km/l na cidade e 11,5 km/l na estrada com gasolina.
Ao volante do Compass as respostas do 2.0 Tigershark flex são bem semelhantes às encontradas a bordo do Honda CR-V e do Hyundai ix35. Se não surpreende em termos de desempenho, ao menos o Jeep não é um modelo que dá dor de cabeça quando você precisa realizar uma ultrapassagem ou uma aceleração mais rápida. Nesse ponto o câmbio automático de 6 marchas ajuda bem. Caso necessário também é possível controlar as marchas por meio de borboletas no volante. O baixo nível de ruído do 2.0 Tigershark também se destacou durante nosso teste.
Uma movimentação interessante da Jeep para o Compass está no pós-venda, muitas vezes repleto de cifras elevadas para os modelos da categoria. A Jeep, por sua vez, que reverter o estigma que assola o segmento com um plano de revisões fixas, realizadas a cada 12.000 km, e que somam R$ 2.013 para as três primeiras. O Compass também conta com três anos de garantia e o “privilege service”, que oferece veículo reserva por 2 anos inclusive nos casos em que os reparos nas concessionárias levar mais do que 24h.
Chegando preparada para atingir uma meta ambiciosa, a Jeep espera comercializar em torno de 2.000 a 2.500 unidades/mês do Compass. Considerando as qualidades que o modelo mostrou em nossa avaliação e o cuidado da marca no pós-venda, não é difícil apostar que o número proposto pela fabricante será atingido. O Compass desponta como a melhor opção dentro da categoria de SUVs médios, seja do ponto de vista racional como emocional.