Pioneiras, Ranger e S10 mudam totalmente em 2012
GM e Ford querem retomar o terreno perdido para a Hilux. Veja o que cada uma delas traz de novo
As atuais gerações das picapes Chevrolet S10 e Ford Ranger já são verdadeiros “dinossauros” do mercado brasileiro de veículos. Ambas nasceram em 1995 inaugurando um novo segmento no país e mudando o panorama das picapes nacionais, que vivia basicamente de modelos derivados de projetos da década de 1970 ou até mais antigos. Era preciso uma mudança drástica, algo que volta a se repetir 16 anos após a estreia da dupla.
O tempo pesou nas caçambas das picapes médias de General Motors e Ford, que apesar de continuarem vendendo bem (sobretudo a S10) carecem de evoluções. A concorrência, que antes possuía produtos no mesmo nível de S10 e Ranger, hoje conta com modelos de qualidade superior em praticamente todos os pontos. As séries mais recentes das camionetes Toyota Hilux, Nissan Frontier, Mitsubishi L200 estão à prova, sem falar da Amarok, a primeira camionete da Volkswagen para este nicho. Já passou da hora de mudar no Brasil, e as montadoras americanas sabem disso.
A resposta das empresas virá no primeiro trimestre de 2012. A S10, líder absoluta do segmento, cederá seu lugar na linha de montagem da GM em São José dos Campos (SP) para a chegada da Colorado, ao passo que a Ford passará a trazer de sua planta em Pacheco, na Argentina, a nova geração da Ranger, que terá a missão de ir além da quarta posição no nicho, posto que ocupa atualmente atrás ainda de L200, Hilux e o modelo da Chevrolet.
Alterações (mais do que) necessárias
A primeira alteração nos veículos é no porte. As gerações atuais comparadas às rivais, são “mirradas” e isso influi na menor capacidade de carga e na cabine apertada, em especial nas partes traseiras dos modelos na configuração cabine dupla. Isso acontece por conta do projeto defasado com assentos baixos e pequenos, sem falar na falta de espaço para as pernas. Nesse ponto, tanto a Colorado como a nova Ranger vão mudar, e bastante.
O aumento das carrocerias também vem acompanhado de avanços no acabamento. A Colorado já oferecida no exterior, por exemplo, tem interior montado com materiais semelhantes aos usados no sedã Cruze e no novo Malibu. Um dos elementos mais chamativos é o painel de instrumentos ao estilo do Camaro, com os relógios de velocímetro e conta-giros divididos e o display do computador de bordo na parte central. O modelo da Chevrolet tem até volante com comando de áudio, telefone e controlador de velocidade de cruzeiro.
A Ranger também muda bastante por dentro no que diz respeito ao desenho do habitáculo, que ficou evidentemente mais moderno. Mas o plástico utilizado na decoração, porém, não é dos melhores, ao menos na versão destinada ao mercado europeu, apresentada no Salão de Frankfurt deste ano.
Já o visual externo das novas picapes médias de GM e Ford completam o tão necessário aspecto de “novo produto”, algo que o brasileiro leva a sério até demais. A Colorado está alinhada ao novo padrão estético global da Chevrolet, caracterizado pelos faróis pontiagudos e a grande grade frontal cortada ao meio por uma faixa com o logotipo da empresa. Lembra a cara do Agile. A Ranger, por sua vez, ficou parecida com as tradicionais picapes da marca do oval azul nos Estados Unidos, como a F-150 e a F-250 – seus veículos mais vendidos do país.
Motores mais eficientes
Os novos tempos pedem não só um belo visual e interiores confortáveis, mas também soluções mais eficientes para motorização. E isso não vai faltar na Colorado e a nova Ranger. Ambas deixarão de usar os motores turbodiesel fornecidos pela MWM-Internacional e passarão a utilizar tecnologia própria.
A Colorado estreará no país a nova família de motores diesel da GM, chamada Duramax, que promete melhores performances de consumo e emissões. No exterior, o veículo já é oferecido nas opções com bloco 2.5 de 150 cv e 2.8 de 180 cv, que também devem chegar ao Brasil. A picape da Chevrolet também manterá a opção flex.
O modelo da Ford, tal como o modelo disponível no exterior, deve chegar ao Brasil equipado com motores da nova série Duratorq, que contempla as opções de bloco quatro cilindros 2.2 de 150 cv e 3.2 V6 de 200 cv. Já a versão a gasolina atual com motor 2.3 poderá ser substituída pelo propulsor 2.5 de 165 cv da família Duratec.
Renascimento
Ranger e S10 são pontas visíveis de um renascimento das marcas americanas, depois do terremoto financeiro de 2008. A Ford, embora não tenha corrido tanto risco, precisou se desfazer de várias marcas para sobreviver. Já a GM passou por uma concordata e viu o governo americano virar uma espécie de sócio da empresa. Agora, as duas montadoras correm para recuperar o tempo perdido e, para isso, têm uma agenda recheada de lançamentos. Mas o segmento de picapes, talvez o mais americano dos veículos de quatro rodas, é ponto de honra para ambas.