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Quais das 14 marcas do grupo Stellantis poderão sobreviver nos próximos 10 anos?
Novo chefão do grupo deu um prazo de uma década para que Alfa Romeo, Lancia e DS provem que podem continuar vivas, mas lista de marcas inviáveis pode ser maior
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Anote aí já que é quase impossível guardar de memória: Abarth, Alfa Romeo, Chrysler, Citroën, Dodge, DS, Fiat, Jeep, Lancia, Maserati, Opel, Peugeot, RAM e Vauxhall. Isso mesmo, 14 marcas sem contar a divisão de veículos comerciais da Fiat e a Mopar, especializada em personalização e acessórios.
Esse é o grupo Stellantis, união das já inchadas FCA e PSA e que foi criado no começo deste ano, criando assim o 4º maior conglomerado automobilístico do mundo. Bonito na foto, mas uma senhora dor de cabeça em suas entranhas.
Vale dizer que a fusão foi uma questão de sobrevivência para os dois grupos, como vaticinou o falecido Sergio Marchionne, não por acaso o mentor da criação da própria Fiat Chrysler. O italiano afirmou há muito tempo que sobreviveriam poucos nomes na indústria automobilística e que para isso era necessário ter um volume enorme de produção, algo que a Stellantis agora tem.
Mas colocar sob o mesmo guarda-chuva tantas culturas e histórias diferentes é uma tarefa ingrata já que no futuro certamente não haverá como manter tantos ‘filhotes’ no ninho. Tanto assim que o novo chefão da Stellantis, o português Carlos Tavares, já fez questão de colocar na parede três delas: Alfa Romeo, Lancia e DS.
Num evento organizado pelo jornal Financial Times, o executivo afirmou que as três terão 10 anos para resgatarem seu passado de glórias. É um prazo bastante generoso por assim dizer, mas necessário para que todas passem pelo inevitável processo de eletrificação de seus veículos e saiam daí os supostos modelos "salvadores da pátria".
Entretanto, não é pessimismo afirmar que essa lista tende a ser maior e que boa parte dessas grifes poderá desaparecer. Exceto que o grupo consiga criar uma forma de reduzir os custos de produção a ponto de ser lucrativo vender poucas unidades dos portfólios menos ‘populares’. Ou que a Stellantis seja tão bem sucedida em tantas frentes que suas vendas cresçam exponencialmente.
Contudo, as duas hipóteses parecem improváveis. O que podemos esperar é uma seleção natural em que as marcas fortes ganhem espaço enquanto as fracas sucumbem aos poucos.
Muitas marcas fazendo o mesmo
Um dos maiores problemas da Stellantis, como já dito nessa coluna, é a ausência de uma marca verdadeiramente global e de volume. A Jeep é a cereja do bolo do grupo, não há dúvida, mas sua atuação é restrita aos SUVs e no segmento premium. Não dá para pensar em abrir muito esse leque sob pena de desconfigurar sua imagem.
Já as marcas generalistas têm atuação muito regional e irregular. Os nomes oriundos da PSA dependem demais do mercado europeu, como é o caso da Peugeot, Citroën, Opel e seu braço britânico Vauxhall. Nenhum deles conseguiu uma presença importante fora do continente até hoje.
Na ex-FCA, a situação é ainda pior. A Fiat sobrevive graças ao Mercosul e nem mesmo a Itália é um mercado garantido para ela. Nos EUA, a outrora poderosa Chrysler não é sombra do seu passado. Sem as picapes RAM (outra exceção positiva como a Jeep), a Dodge é outro zumbi no grupo, a despeito da admiração de muitos fãs.
E por fim temos as marcas Abarth, Alfa Romeo, DS, Lancia e Maserati. Esta última está em outro patamar mais seguro enquanto a grife de versões esportivas da Fiat não chega a ser uma divisão de peso.
A injustiçada Alfa Romeo
Das três restantes, a DS e a Lancia não fariam falta se fossem encerradas. A marca derivada da Citroën tem sido uma tentativa frustrada de vender carros comuns emulando o passado tecnológico do clássico modelo DS. É como oferecer a embalagem de um vinho tinto cheio de suco de uva.
A Lancia, por sua vez, tem um histórico glorioso e alguns veículos emblemáticos, mas foi destruída pela própria Fiat ao se resumir a produzir versões porcamente adaptadas com o logo da marca. Talvez fosse o caso de Stellantis vendê-la para algum grupo asiático nos moldes do que foi feito com Jaguar, Land Rover e Volvo.
Por fim, chegamos à Alfa Romeo, de longe a marca mais incompreendida do grupo. Marchionne até tentou encontrar um caminho de renascimento para ela, incluindo vendê-la nos EUA, mas nada consegue fazer a Alfa voltar aos seus bons tempos.
Nesse caso, é uma pena. A marca italiana seria a melhor candidata a encarar o trio alemão (BMW, Audi e Mercedes) com produtos sofisticados, modernos e potentes. É um nome reconhecido globalmente também e que seria facilmente associado à imagem de velocidade de marcas italianas como Lamborghini e Ferrari.
Não é à toa que Tavares afirmou no evento que “no passado, muitas outras montadoras se mostraram dispostas a comprar a Alfa. Aos olhos desses compradores, ela tem um grande valor. E eles estão certos, ela tem um grande valor”.
Mas o que se espera que a cúpula da Stellantis entenda é que construir uma marca de valor requer tempo, obstinação e sobretudo produtos que mais do que beleza ou tecnologia, se mostrem confiáveis e feitos com dedicação e durabilidade. E nesse sentido nenhuma das 14 marcas parece à altura de muitos de seus rivais mais fortes.
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