Motor também chegar?ao Brasil: russos avaliam o novo Renault Captur 1.3 turbo
Enquanto o incremento no desempenho foi elogiado, russos apontam falhas e levantam questões sobre manutenção
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Enquanto a Renault não introduz o novo motor 1.3 turbo desenvolvido em parceria com a Mercedes-Benz em sua linha brasileira, o propulsor já começa a circular na Europa em modelos da marca. Um deles é o Kaptur, forma com a qual os russos tratam o nosso Captur. E a missão do novo motor por lá não é das mais fáceis.
No mercado russo, o motor 1.3 turbo estará presente apenas nas versões mais caras do Renault Kaptur, que recebeu um facelift recentemente. Assim, ele estará sempre acompanhado por um câmbio automático de relações continuamente variáveis (CVT) e por tração integral.
A questão, segundo o apontou o site , que realizou uma avaliação nessa nova versão topo de gama, é que, na Rússia, quase 25% das vendas do Captur eram da versão 2.0 com câmbio manual e tração integral. Assim, ficaria a dúvida a respeito da durabilidade do novo conjunto 1.3 turbo CVT.
Na Rússia, para aguentar o torque superior do 1.3 turbo o câmbio automático de relações continuamente variáveis utiliza polias ligadas por correia com oito posições pré-programadas, além de um conversor de torque diferenciado para exigir menor movimentação do sistema. Com o uso de desse tipo de solução, a preocupação levantada pelo site russo ficou por conta da da contaminação do óleo de câmbio. Enquanto a subsidiária russa Renault diz no manual que o câmbio CVT atualizado não necessita de trocas de óleo, concessionários afirmaram que, se usado em estradas de terra ou se for muito exigido, é recomendado efetuar a troca do lubrificante a cada 40 ou 50 mil km.
O carro testado na Rússia era da versão mais cara, no caso o Kaptur 1.3T CVT 4WD. Por lá, a novidade custa a partir de 1.515.000 rublos (cerca de R$ 114 mil). As especificações do motor “Mercedes” apontam para 150 cv de potência e 25,5 kgfm de torque. Além do novo visual, levemente repaginado no facelift, o carro conta com um catálogo maior de equipamentos. Um deles foi o monitor de ponto cego.
O item causou um pouco de discórdia. A publicação russa apontou que o item, opcional mesmo nas versões mais caras, deveria vir de série em todas as configurações. Não só por uma questão de segurança, mas também porque os espelhos novos do Renault Kaptur deixaram a visibilidade prejudicada.
Entre os pontos positivos, o utilitário esportivo conseguiu impressionar pela aceleração mais vívida e pela elevada entrega de torque mesmo em rotações bem mais baixas, fazendo com que o Kaptur russo ficasse mais agradável no uso urbano. A lista de equipamentos e o acabamento da cabine também foram considerados pontos positivos.
No entanto, os russos mostraram mais preocupações em relação ao novo motor. A Renault aponta o consumo menor de combustível como um dos pontos positivos do novo 1.3 turbo em relação ao antigo 2.0 aspirado. De acordo com a avaliação do Kolesa, foi observado um consumo de 10 km/l em uso misto entre cidade e estrada utilizando gasolina. Mesmo demonstrando um consumo que pode ser menor em relação ao 2.0 aspirado, o novo 1.3 turbo tem intervalos de trocas de óleo mais frequentes. Enquanto o primeiro exigia a troca de fluídos a cada 15 mil km, o novo motor tem intervalos de 10 mil km, o que pode resultar em um custo de manutenção superior em relação ao motor usado até então.
Nos testes, o Kaptur 1.3 turbo foi descrito como ágil nas arrancadas, mas perdendo fôlego entre 100 e 120 km/h, exigindo acelerações mais constantes para fazer ultrapassagens em ambientes rodoviários. Além disso, os bancos receberam pesadas críticas pela falta de apoio lombar. Para os russos, é compreensível um banco mais simples no segmento do Captur, mas o SUV da Renault torna até pequenos trajetos cansativos.
Aqui no Brasil, o Captur nacional deverá receber o mesmo pacote de atualizações preparadas para o modelo russo, incluindo o motor 1.3 TCe, somente em 2021. Com isso, o modelo deverá retomar seu posto de utilitário esportivo mais caro da marca no país. Certamente a chegada do propulsor sobrealimentado ao Captur o tornará bem mais interessante dentro da categoria, em especial se o sistema de tração integral também for aplicado ao SUV produzido no Paraná.
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Thiago ?jornalista do setor automobilístico desde 2008 e possui pós-graduação em Gestão Automotiva