Movimentações importantes começam a ocorrer no segmento automotivo, todas elas relacionadas. 

Segundo a Anfavea, associação que reúne as fabricantes instaladas no país, a produção de veículos bateu novo recorde em agosto deste ano, com 238 mil unidades, alta de 8,7% sobre julho e de 43,9% sobre agosto de 2021. 

Pela primeira vez, o volume acumulado neste ano superou o do mesmo período de 2021: 1,549 milhão contra 1,479 milhão, crescimento de 4,7%. 

“Em agosto, pela primeira vez em um ano e meio, conseguimos operar sem nenhuma fábrica completamente parada. O fluxo de semicondutores finalmente começa a melhorar, embora ainda estejamos passando por um período de restrições de oferta”, explicou o presidente da Anfavea, Márcio de Lima Leite, em comunicado. 

Outro ponto relevante é que as vendas em agosto totalizaram 209 mil unidades, melhor resultado dos últimos 19 meses. Foi a primeira vez no ano que esse indicador superou a barreira das 200 mil unidades. A média diária de 9,1 mil emplacamentos também foi a melhor do ano, acrescenta a Anfavea. 

Com o “respiro” na produção e venda de veículos 0 km, os reflexos entre os usados começam a aparecer. 

Viés de queda

De acordo com uma extensa pesquisa divulgada nesta segunda-feira (12) pela Mobiauto, os preços dos automóveis usados começam a apresentar viés de queda, ainda que percentualmente baixo (0,66%). 

A empresa reuniu em sua base de dados as cotações de ano-modelo 2013 até 2022, quando existiam, dos seguintes automóveis: Chevrolet Onix, Onix Plus e Tracker, Fiat Argo, Mobi, Strada e Toro, Hyundai HB20, HB20S e Creta, Jeep Renegade e Compass, Renault Kwid, Toyota Corolla, Corolla Cross e Hilux, VW Gol, T-Cross e Nivus. 

A Mobiauto levantou então as cotações médias de todas as versões de cada modelo citado acima, em cada ano. E o fez em três etapas: agosto de 2021, março de 2022 e agosto de 2022. Somando-se as versões de todos esses carros, a pesquisa analisou preços de 600 automóveis, nos mais variados anos-modelos. 

De acordo com a Mobiauto, “se o recorte for o do último semestre, isto é, de março para cá, já se observa depreciação média. Ela ainda é baixa percentualmente (0,66%), mas mostra viés de queda, o que tende a achatar mais as cotações de usados de agora em diante”. 

“E cabe a nós, como um dos maiores instrumentos de vendas de carros e geradores de conteúdo na interpretação das tendências, advertirmos os consumidores: se você pensa em vender seu carro usado, faça isso logo. Os preços vão cair”, analisa Sant Clair Castro Jr., consultor automotivo e CEO da Mobiauto. 

Vale lembrar que a escassez de automóveis 0 km, em especial modelos mais acessíveis, fez a cotação de seminovos disparar, em média, 23,5% de janeiro a dezembro de 2021, também de acordo com cálculos da Mobiauto. 

“Na lista dos dez modelos mais valorizados neste último ano, você só encontra os principais best-sellers do segmento de usados: VW Gol, Fiat Mobi e Strada, Toyota Hilux e Hyundai HB20S. A despeito de o mercado ter apontado desvalorização, esses campeões de vendas valorizaram 2,11%. E são eles, portanto, que seguram a média de depreciação ainda em um valor baixo”, conclui a empresa responsável pela pesquisa. 

Imagem: Matel

César Tizo

O "Guru dos Carros", César Tizo se juntou ao time este ano e está à frente dos portais AUTOO e MOTOO. É o expert em aconselhar a compra de automóveis