Tem sido difícil para a Stellantis proteger a liderança em vendas do Jeep Compass, SUV médio que por algum tempo sobrou no segmento.

Mesmo com uma ampla gama de versões, incluindo diesel, e a produção feita na fábrica de Goiana, em Pernambuco, beneficiada por incentivos fiscais generosos, a marca está sofrendo para evitar a aproximação do Toyota Corolla Cross.

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O utilitário esportivo da Toyota chegou de maneira até discreta em 2021, em plena pandemia, e pela primeira vez deverá superar as vendas do sedã Corolla.

Recém reestilizado e com mais equipamentos, o Corolla Cross vem numa alta de emplacamentos desde maio, quando passou a vender mais que o Compass.

A poucos dias de outubro acabar, o Toyota estava meros 30 carros de superar o rival e então, tudo mudou...

No fechamento do mês, o Jeep Compass deu um salto, de 4.148 para 5.043 emplacamentos. Ou seja, no apagar das luzes, a Stellantis ‘achou’ 900 clientes para seu SUV.

Verstappen das vendas

Para quem acompanha o mercado, não há novidade. O grupo que controla Jeep, Fiat, Peugeot e outras, é um ferrenho adepto de práticas heterodoxas para desovar sua produção.

As vendas diretas são a principal estratégia, seja para frotistas ou para clientes finais por meio de caminhos tortuosos. Foi o que aconteceu com a súbita melhora nos emplacamentos no mês passado, ‘recorde’ de vendas no atacado do modelo.

Foram 2.191 Compass emplacados dessa forma contra 1.368 em setembro. Eis aí a “promoção mágica” que faz do carro um sucesso, um lance digno do piloto Max Verstappen na Fórmula 1.

Como se viu recentemente, o holandês da Red Bull corre com o regulamento embaixo do braço e não pensa duas vezes em usar algumas artimanhas questionáveis para ficar à gente de seus rivais.

Descontão nos impostos

No mundo real do varejo, o Jeep não faz feio até – tem até outubro 25.555 emplacamentos – mas tem ficado para trás do Corolla Cross desde março.

Olhando os gráficos deste artigo nota-se como a demanda no varejo é mais estável enquanto o atacado apresenta oscilações grandes, um sinal que nesse nicho não se trata de “vendas orgânicas”, motivadas pela qualidade do produto ou do serviço.

O Compass é um bom produto, mas tem se apoiado em atalhos para vender bem. Um deles é a gorda isenção de impostos da fábrica da Stellantis em Goiana.

Reza a lenda que o Compass arrecada apenas 2% de Cofins e ICMS enquanto um Corolla Cross e similares produzidos em São Paulo, recolhem 23%.

Com tamanha vantagem, não era para o Jeep ser líder com sobras? Mistérios do mercado brasileiro...