Teste: BMW X2 sDrive20i M Sport X
Novo membro da família X é bem mais esportivo que utilitário
A BMW é uma marca que aprecia o ato de causar confusão na cabeça de jornalistas especializados. Enquanto suamos para encaixar um novo modelo em alguma categoria existente, a fabricante alemã resolve inventar carros cuja definição é quase impossível.
Foi assim na época em que ela criou o X6, um imenso “SUV cupê” que acabou fazendo sucesso por mais estranho que parecesse essa combinação. É verdade que às vezes essa “cozinha de fusão” da marca bávara também dá frutos indigestos como o Série 5 GT, mas em geral o resultado surpreende positivamente. É o caso do inédito X2.
Ao contrário do que possa parecer, o X2 não é uma opção entre o X1 e o X3 e sim uma nova proposta. Em vez de um carro com visual de um utilitário esportivo, a BMW resolveu mesclar vários conceitos num único modelo: ele tem aquela “brutalidade” de um off-road, mas uma carroceria baixa e larga em que a aparência esportiva é ressaltada.
E na prática é isso mesmo que ele transparece por fora, um esportivo mais que utilitário. Portanto, para os fãs dos SUVs, o X2 pode não agradar afinal você não vai dirigir nas alturas. Pelo contrário, a sensação é de estar pilotando um sedã ou hatchback.
De quebra, é um belíssimo carro, com uma personalidade evidente em cada detalhe, seja no duplo rim que tem um corte diagonal ao contrário de outros modelos, seja no logotipo colocado na coluna C e que remete aos antigos cupês da BMW.
Tração dianteira que parece integral
Nem por isso o X2 é um carro apertado que só se preocupa com o motorista. Os bancos traseiros acomodam bem mesmo com o teto com uma caída de cupê e a linha de cintura alta que te esconde dos olhares exteriores.
O interior é extremamente agradável e bem acabado onde se sobressaem a central multimídia Connected Drive e volante de três raios e imenas borboletas de trocas de marchas. Pena que a BMW ainda se apegue um pouco à tradição em alguns casos como o cluster analógico e excesso de botões no painel que incluem o acionamento da central pelo botão giratório na base do console – embora a tela seja touchscreen.
No caso do painel de instrumentos seria bacana ter uma tela TFT maior e capaz de reproduzir parte do que se mostra na central. Por exemplo, se você quer ajustar algo e está usando o navegador a tela do mapa desaparece.
Embora mais organizada, a interface do Connected Drive ainda é bem complexa e é preciso passar por várias telas para acionar certos recursos, ao contrário do rival da Volvo, o XC40 e sua central minimalista e com aparência de smartphone.
Se o X2 poderia ser mais amigável nesses detalhes contemporâneos ele compensa no apetite por velocidade e diversão. Definitivamente, nessas horas ele não lembra em nada um utilitário esportivo.
Graças ao centro de gravidade baixo e ao entreeixos de 2,67 (mais a largura generosa), o X2 é um carro que parece ter tração integral tamanho o equilíbrio em curvas.
O motor é conhecido de outros carros, o 2.0 turbo com injeção direta de 192 cv e 28,5 kgfm de torque Twin Power, ou seja, com um turbo para cada dois cilindros, mas aqui ele trabalha em conjunto com um câmbio de dupla embreagem de sete marchas com trocas velozes que permitem que você mantenha o acelerador no fundo sem que isso resulte em trancos desnecessários.
Há os modos de condução esportiva, ecológica/econômica e de conforto, além de um HUD (Head-up Display) com várias informações projetadas no para-brisa.
A versão avaliada, a sDrive20i M Sport X (como dissemos, simplicidade não é o barato da BMW) traz como diferencial o citado pacote M com detalhes esportivos de estilo apenas.
Força G de aviões
No test-drive durante o lançamento, dirigimos o X2 em rodovias e também estradas sinuosas e de curvas fechadas. A sensação foi extremo prazer e até um pouco de tontura tamanha a capacidade do carro de acompanhar o traçado da pista colado no chão. É um carro de respostas rápidas, condução no chão, mas sem que isso se transforme em algo desconfortável. Ponto para o ótimo casamento motor-câmbio que lembra modelos de competição.
Não, o X2 não deve tornar-se um sucesso de vendas no portfólio da BMW. E não por falta de atributos, mas sim por ser feito para um público específico, o de fãs da marca e de esportividade, mas que querem estar de alguma forma ligados ao predominante mercado de aventureiros urbanos.
Para esses, a marca entregará um carro com bom espaço interno, recursos modernos como a conexão com Carplay e Android Auto, beleza e originalidade e claro, esportividade de sobra. Sentimos falta apenas de recursos de direção autônoma, por mais que eles não pareçam combinar com um carro que foi feito para ser dirigido humanamente.
Ficha técnica
BMW X2 2018 sDrive20i M Sport X 2.0 16V gasolina automático 4p | |
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Preço | R$ 246.950 (04/2018) |
Categoria | SUV compacto |
Vendas acumuladas neste ano | 462 unidades |
Motor | 4 cilindros, 1998 cm³ |
Potência | 192 cv a 5000 rpm (gasolina) |
Torque | 24,5 kgfm a 1350 rpm |
Dimensões | Comprimento 4,36 m, largura 1,824 m, altura 1,526 m, entreeixos 2,67 m |
Peso em ordem de marcha | 1593 kg |
Tanque de combustível | 51 litros |
Porta-malas | 370 litros |