Teste: Chery QQ 2018

Modelo, que retoma o posto de carro mais barato do Brasil, mostra uma notável evolução em relação à geração anterior
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Chery QQ 2016

Chery QQ 2016 | Imagem: Divulgação

O Chery QQ talvez seja um dos carros chineses com a trajetória mais intensa aqui no Brasil. O modelo desembarcou por aqui em 2011 e logo ganhou bastante espaço na mídia ao tomar para si o título de carro mais barato do Brasil. Na época, o modelo ainda chacoalhou a concorrência ao chegar às concessionárias com ar-condicionado, direção hidráulica e trio elétrico desde o preço de entrada.

Com várias mudanças políticas e sobretaxa de importação, seis anos depois muita coisa mudou na vida do QQ por aqui. O modelo inaugurou uma nova geração e passou a contar com cidadania brasileira, sendo um dos modelos produzidos na fábrica que a Chery ergueu em Jacareí (SP). Com uma proposta mais agressiva do ponto de vista comercial, a Chery reposicionou o QQ de uma forma bem ousada, criando a versão Smile por R$ 25.990.

O QQ Smile, de certa forma, funciona muito mais como uma estratégia de marketing, assim como o Renault Kwid Life de R$ 29.990. Em ambos você não encontra sequer ar-condicionado ou assistência para a direção, dois itens que já podem ser considerados recursos básicos de conforto e figurando na quase totalidade dos carros novos vendidos no Brasil.

De qualquer maneira, o QQ de R$ 25.990 seguramente pode gerar uma certa atração natural a quem hoje compra carros usados mais antigos e tem tudo para enxergar nele uma porta de entrada para realizar o sonho do carro novo, que, mesmo “pelado”, ainda oferece três anos de garantia integral. Em caráter promocial a Chery chegou até a oferecer as duas primeiras revisões gratuitas aos clientes inicias do modelo, uma tentativa de fisgar aqueles que colocam o custo em primeiro lugar. 

Fato é que o Chery QQ mostra uma enorme evolução em relação à geração que abriu as portas do modelo por aqui no início desta década. 

Da plataforma ao volante, tudo é novo no QQ nacional. A proposta do modelo, um subcompacto urbano, foi mantida. O QQ é uma excelente opção para quem procura um segundo ou terceiro carro para a família, aquele modelo usado a maior parte do tempo para ir e voltar ao trabalho, sem ter que se estressar ou ficar rodando muito por aí para achar uma vaga ou se preocupar com consumo e custos de manutenção.

O porta-malas de apenas 160 litros é coerente com a proposta do QQ, permitindo que você acomode ali algumas mochilas ou objetos que não quer deixar muito a mostra no interior do carro. O modelo nacional traz uma solução bem interessante, já que a tampa do porta-malas é formada apenas por uma peça de vidro, recurso que chega até a dar um ar mais sofisticado ao pequenino. Alguns podem alegar que o Kwid entrega porta-malas bem maior, no caso de 290 litros, porém o Renault tem uma carroceria bem mais longa, atingindo 3,68 m de comprimento contra 3,56 m do QQ. 

O QQ é um carro estreito, com apenas 1,62 m de largura, mas seu espaço interno até que surpreende. Mesmo com 2,34 m de entre-eixos, os engenheiros da Chery souberam bem conciliar as necessidades mecânicas com o espaço livre para os passageiros. A bordo do QQ, quatro adultos conseguem se acomodar com relativo conforto. Ombros ficarão lado a lado, como ocorre em um Fiat Mobi por exemplo, mas mesmo no banco traseiro os passageiros não encontrarão problemas para se acomodar por ali. Joelhos não raspam no encosto do motorista e a cabeça também não fica rente ao teto do carro. 

 
 
Chery QQ 2016
 
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Chery QQ 2018
 
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É interessante levar em consideração que, se alguém está de olho em um carro muito pequeno como o QQ ou o Mobi, de fato o tamanho do porta-malas não é algo assim tão relevante, ao contrário do espaço interno. Afinal, mesmo que você ande a maioria do tempo sozinho ou com apenas mais uma pessoa no carro, não é raro aquelas situações em que você precisa transportar mais gente.

Nosso contato com o QQ ocorreu com uma unidade da versão Act, a mais cara da linha por R$ 31.490 com pintura sólida. Mais maduro em relação à geração anterior, o QQ 2018 traz um interior melhor construído, com bancos de melhor aspecto visual e maior cuidado na seleção de tecidos e até mesmo nas costuras. O plástico usado no habitátulo também apresenta uma melhora em relação ao QQ importado. É simples, como a maioria dos concorrentes, mas coloca o QQ em pé de igualdade com seus competidores diretos no mercado. O painel de instrumentos usa vários componentes digitais, como o velocímetro e o marcador do nível de combustível, porém não nos agradou o conta-giros, também com marcação digital, por usar intervalos longos demais entre as rotações.  

Fato é que acrescentando o porte do QQ com sua boa capacidade de esterçamento (a Chery não divulga o diâmetro de giro), temos aqui um carro muito prático para usar na cidade, território onde o QQ é capaz de percorrer 12,9 km/l utilizando gasolina ou 14,4 km/l caso você caia na estrada. 

Melhor no design, no acabamento e trazendo um eficiente motor 1.0 com 3 cilindros sob o capô, o QQ ainda não é imune a algumas falhas. O câmbio, por exemplo, poderia apresentar engates mais suaves e não tão longos. O acerto da suspensão também sinaliza a necessidade de uma calibração um pouco mais orientada ao castigado piso brasileiro. Mesmo usando rodas aro 14”, o QQ parece um pouco rígido demais em determinadas situações. O conjunto, de qualquer maneira, é silencioso na operação e confere boa estabilidade ao QQ.

O mesmo pode ser dito do motor 1.0. Os propulsores tricilíndricos são naturalmente mais difíceis de oferecer o balanceamento ideal, porém nesse ponto notamos mais uma evolução da engenharia da Chery, uma vez que não notamos qualquer vibração acima do desejado. O nível de ruído é um pouco alto, mas talvez muito mais pelo fato do QQ economizar no isolamento acústico em função do projeto de baixo custo do que por uma aspereza do propulsor em si. O desempenho, por sua vez, está na média do que encontramos no segmento. Talvez o QQ poderia ir melhor nesse aspecto se fosse um pouco mais leve, em especial considerando que ele registra 940 kg de peso em ordem de marcha, o que nos parece bem elevado frente aos 786 kg de um Kwid em sua versão mais equipada Intense.

Mesmo na estrada, em vias que permitem velocidades mais elevadas na casa de 120 km/h, o QQ vai bem sobretudo com apenas o motorista e bordo e em nada lembra os primeiros “populares” da década de 1990 onde era custoso manter uma velocidade desse tipo.

De uma forma geral, o QQ brasileiro mostra-se um produto bem mais interessante e evoluído em relação ao QQ de seis anos atrás. O grande problema para o modelo hoje em dia chama-se concorrência. Olhando para o mercado, é possível encontrar o Fiat Mobi e o Renault Kwid em versões com ar-condicionado, direção assistida, travas e vidros elétricos com preços na casa de R$ 35.000.

Por uma diferença não muito grande em relação ao QQ, é inegável que o público em geral prefere partir para marcas estabelecidas a mais tempo no mercado. O QQ também enfrenta problemas na hora da revenda, uma vez que o mercado de usados ainda vê o subcompacto com um pouco de desconfiança (o que não concordamos), o que afeta sua liquidez. A desvalorização é outro ponto. O QQ Act perde 8,6% de seu valor após um ano de uso, enquanto sobre um Fiat Mobi Like incide uma desvalorização na casa de 5,1% para o mesmo período. 

De qualquer forma, é bom que se diga, o QQ foi bem avaliado no ranking Car Group, levantamento realizado pelo CESVI Brasil que avalia os custos de reparabilidade de grande parte dos veículos à venda no Brasil. O QQ obteve a segunda posição na categoria “hatch compacto”, ficando apenas atrás do Volkswagen up!.

Logo, uma cartada verdadeiramente irrecusável da Chery seria se a marca conseguisse colocar no mercado o QQ com o pacote completo da versão Act (ar-condicionado, direção hidráulica, trio elétrico, rádio, etc.) pelo mesmo preço da versão de entrada Smile ou, ao menos, mantê-lo abaixo do limite de R$ 30.000. Dessa forma, o modelo se tornaria uma aquisição mais do que justificável. 

Ficha técnica

CAOA Chery QQ 2018 Act 1.0 12V flex manual 4p
Preço R$ 32.290 (01/2018)
Categoria Hatch compacto
Vendas acumuladas neste ano 23 unidades
Motor 3 cilindros, 998 cm³
Potência 74 cv a 6000 rpm (gasolina)
Torque 9,7 kgfm a 4500 rpm
Dimensões Comprimento 3,564 m, largura 1,62 m, altura 1,527 m, entreeixos 2,34 m
Peso em ordem de marcha 940 kg
Tanque de combustível 35 litros
Porta-malas 160 litros
Veja ficha completa