Teste: Chevrolet Onix RS
Nova versão do carro mais vendido do Brasil caiu muito bem ao hatch
Versões com apelo esportivo sempre tiveram ótima aceitação entre os hatches compactos. O Fiat Uno 1.5R de 1987 pode ser apontado como um bom precursor desse estilo, acompanhado, posteriormente, por diversos outros hatches de várias marcas.
Hoje em dia, para quem gosta do estilo, a Hyundai oferece o HB20 Sport, modelo que ela mesmo classifica como “o esportivo do seu dia a dia”, e a Fiat também tem em sua linha o Argo HGT. A Chevrolet entrou nessa disputa no fim de 2020 com o interessante Onix RS.
Coube ao Onix inaugurar o catálogo esportivo dentro do portfólio da Chevrolet no Brasil, catálogo este que deverá ganhar cada vez mais espaço dentro da estratégia global da marca norte-americana. Está claro que a diretriz para a Chevrolet é realçar o seu vínculo com a esportividade e transparecer esse atributo cada vez mais em seus veículos. Portanto, investir na sigla RS é um caminho natural seja nos EUA ou na China, bem como aqui no Brasil.
Assim como ocorre em modelos como o novo Equinox 2022 apresentado na América do Norte, o Onix RS foi projetado com um cuidado especial no visual, sem distinções técnicas ou mecânicas das demais configurações.
Como é esperado em um projeto original de fábrica, os aprimoramentos estéticos pensados para o Onix com a chancela Rally Sport caíram muito bem ao modelo.
Entre suas particularidades, logo saltam aos olhos a grade frontal exclusiva com o emblema da versão, faróis e lanternas com finalização escurecida, capa dos retrovisores e teto pintados em preto metálico, saias laterais, um belo aerofólio na tampa do porta-malas e rodas de liga leve aro 16” com visual exclusivo e pintura preta.
Por dentro, o Onix RS traz uma sofisticada forração para os bancos mesclando tecido e material sintético com costuras vermelhas, forrações escurecidas para o teto e colunas, além de alguns ornamentos também na cor vermelha espalhados pela cabine, como é o caso da moldura das saídas de ar.
Hoje tabelado em R$ 78.480, o Onix RS é oferecido nas cores Branco Summit (sólida) e as metálicas Preto Ouro Negro e Vermelho Carmin, a qual cobria a carroceria do Onix RS que avaliamos e combinou muito bem com a nova versão.
Bem equipado, o Onix com visual esportivo sai de fábrica com todos os atributos já citados e também estreou na gama a tela maior (8”) para a central multimídia.
Completam ainda a lista de equipamentos de série o sensor de estacionamento, sistema de som com 6 alto-falantes, controlador e limitador de velocidade, além dos “obrigatórios” ar-condicionado, direção elétrica e trio elétrico. Ponto positivo para o ótimo nível de segurança que a segunda geração do Onix trouxe ao mercado, com todas as versões saindo de fábrica com 6 airbags e os controles de tração e estabilidade.
Talvez o único equipamento que faz falta no Onix RS é a câmera de ré, presente a partir da versão Premier (R$ 82.290).
Capaz de acelerar de 0 a 100 km/h em 10,1 segundos, o Onix RS mais do que convence com seu motor 1.0 turbo associado ao câmbio automático de 6 marchas. Fazendo um paralelo com o slogan da Hyundai, é um ótimo “esportivo para o dia a dia”. Esperto nas acelerações e retomadas, o conjunto ainda não descuida do consumo e consegue atingir excelentes parciais de 10,1 km/l na cidade e 14,4 km/l na estrada com gasolina.
O conjunto de suspensão, direção e freios é o mesmo das demais configurações turbo com câmbio automático do Onix. Mesmo se tratando de um hatch compacto, a Chevrolet soube dosar bem no Onix o comprometimento entre o conforto ao rodar e uma dinâmica que não deixa de ser envolvente, com a direção elétrica respondendo de forma rápida aos comandos e um freio mais sensível.
Já conhecido por seu bom desempenho nos catálogos 1.0 turbo, digamos que o tratamento RS chega como uma proposta bastante coerente com a nova geração do Onix.
Considerando a faixa de preço em que a novidade atua no Brasil, a Chevrolet acertou em disponibilizar apenas o câmbio automático para o Onix RS por aqui. Apesar de alguns entusiastas clamarem pela transmissão manual, a maioria dos consumidores de automóveis na casa dos R$ 80 mil dificilmente considera adquirir um modelo sem caixa automática, portanto pouco justifica para uma montadora arcar com o custo de oferecer os dois tipos de câmbio.
Vamos lembrar que a Fiat chegou a oferecer o Argo HGT com transmissão manual, porém essa configuração foi logo descontinuada pela baixa procura. Hoje o Fiat é comercializado somente com câmbio automático e motor 1.8 por R$ 82.361. O mesmo podemos dizer do HB20 Sport (preço indisponível até o fechamento do texto), que somente associa o motor 1.0 turbo com injeção direta com a caixa automática de 6 marchas.
Outro ponto que alguns leitores do AUTOO questionaram na época da apresentação do Onix RS foi o fato da Chevrolet não usar o motor 1.2 turbo na nova configuração, propulsor que hoje figura no Tracker e poderia conferir performance superior ao hatch.
Segundo a fabricante, pesou na decisão a questão tributária, uma vez que o motor de maior deslocamento resultaria em um IPI maior para o Onix RS, elevando o preço final da nova versão. Como o fator custo-benefício é muito relevante em um hatch compacto, é compreensível a decisão da fabricante.
Em resumo, o Onix RS desponta como uma das melhores opções hoje em dia para quem quer um hatch compacto mais descolado e agressivo, saindo um pouco da mesmice que muitas vezes encontramos na categoria. Agrada no Chevrolet o fato dele combinar preço condizente com sua categoria e nível de equipamentos, além de oferecer desempenho compatível com a proposta. O time de design responsável pelo projeto também merece nota 10 pelo visual, que inaugurou em grande estilo a sigla RS no Brasil.
Claro que você encontra hatches compactos no mercado com uma vocação esportiva plena, citando como bons exemplos o Renault Sandero R.S. (2.0 aspirado/câmbio manual) e o Volkswagen Polo GTS. Ambos vão bem além de um tratamento estético para a parte externa e apostam em conjuntos mecânicos que lhes proporcionam ótimo desempenho e dinâmica refinada. O VW se sobressai por conta do motor 1.4 TSI com 150 cv e 25,5 kgfm trabalhando com o câmbio automático de 6 marchas, mas também exige gastar mais de R$ 30 mil além do que você pagaria em um Onix RS. Aí vai do bolso – e gosto – de cada um.
Ficha técnica
Chevrolet Onix 2021 RS 1.0 12V flex automático 4p | |
---|---|
Preço | R$ 78.480 (02/2021) |
Categoria | Hatch compacto |
Vendas acumuladas neste ano | 135.367 unidades |
Motor | 3 cilindros, 999 cm³ |
Potência | 116 cv a 5500 rpm (gasolina) |
Torque | 16,3 kgfm a 2000 rpm |
Dimensões | Comprimento 4,163 m, largura 1,746 m, altura 1,476 m, entreeixos 2,551 m |
Peso em ordem de marcha | 1113 kg |
Tanque de combustível | 44 litros |
Porta-malas | 275 litros |