Teste: Chevrolet Tracker Midnight
SUV compacto da GM est?ganhando força no mercado; confira avaliação
Com uma receita bem peculiar dentro do contexto brasileiro de SUVs compactos, o Chevrolet Tracker sempre foi um modelo que priorizou muito mais atributos como o bom comportamento dinâmico e o estilo mais esportivo em detrimento do espaço interno ou um bom porta-malas.
Isso ocorre pela própria concepção do Tracker, já que na época em que foi desenvolvido ele também precisava atender o mercado dos EUA (como o Chevrolet Trax) e da Europa (Opel Mokka). Modelos pensados para países emergentes, como é o caso do Hyundai Creta, sempre procuram um caminho oposto ao Tracker, realçando muito mais o porte da carroceria, o amplo espaço interno e o porta-malas, que na grande parte dos casos conta com capacidade bem acima dos 400 litros.
Fato é que hoje o Chevrolet Tracker está em sua melhor forma aqui no Brasil, prova disso é que suas vendas saltaram de 12.138 unidades em 2017 para 26.102 no ano passado. A chegada da motorização 1.4 turbo ao Tracker no fim de 2016 e as melhorias promovidas pela marca na linha 2019, resolveram de vez alguns pontos fracos do SUV, como uma certa apatia do seu antigo motor 1.8 16V e a falta dos importantes controles de tração e estabilidade, que agora estão presentes desde a versão de entrada.
Outra novidade interessante para o Tracker lançada no fim de 2018 foi a versão Midnight avaliada aqui, que trouxe o acabamento “todo preto” ao modelo. Essa opção cai como uma luva para o Tracker, já que a cor preta é fortemente vinculada com a sofisticação e esportividade, justamente os pilares que sustentam a identidade do Tracker.
Tabelada em R$ 106.290, a versão Midnight é uma das mais caras do modelo (acima dela é possível encontrar a opção Premier por R$ 107.690 com o pacote opcional 1SF e recursos como o alerta de colisão). O preço parece elevado demais considerando que um Hyundai Creta Prestige hoje custa R$ 103.990 e um Nissan Kicks SL com o Pack Tech está nas lojas por R$ 101.390, mas vale a pena citar que o Tracker Midnight traz de série alguns recursos raramente vistos no segmento, como o teto solar, rodas de liga leve aro 18”, alerta de ponto cego, o prático alerta de movimentação traseira e o sistema de telemática OnStar.
Fora tudo isso – e assim como seus rivais na mesma faixa de preço – encontramos no Tracker Midnight os controles de tração e estabilidade, central multimídia com Apple CarPlay e Android Auto, chave presencial, luz de condução diurna em LED, entre outros recursos. A única ressalva vai para o fato do Tracker Midnight não oferecer 6 airbags, o que já encontramos nos riviais de Hyundai e Nissan citados anteriormente.
O SUV do solteiro
O Tracker talvez conquiste mesmo seus clientes após um bom test-drive. São poucos os modelos na mesma categoria que entregam um certo tempero esportivo como ele.
O volante compacto, a direção com respostas mais rápidas e as boas acelerações (0 a 100 km/h na casa de 9,5 segundos) e retomadas, tornam o Tracker o modelo ideal para quem gosta do estilo robusto dos SUVs, mas não gostaria de perder a “tocada” de um hatch médio, por exemplo. Auxiliado por um câmbio de 6 marchas e recursos como o start-stop, que desliga o motor quando o carro encontra-se parado, o Tracker é capaz de entregar médias de consumo de 10,6 km/l na cidade e 11,7 km/l na estrada utilizando gasolina. Um Nissan Kicks CVT é bem mais econômico, porém não podemos dizer que os números são ruins se considerarmos o bom desempenho que ele entrega.
O Tracker também se destaca pela qualidade de seu acabamento interno – com direito a insertos de couro no painel – e o visual mais arrojado da cabine como um todo. É aqui que notamos a diferença de um projeto global, que precisa atender mercados mais sofisticados, e não apenas um carro pensado para ser mais barato, como ocorre em automóveis para os ditos mercados emergentes, onde a redução de custos muitas vezes resulta em habitáculos insossos e de aspecto simplificado.
Se você desvia o olhar do painel e olha para os bancos traseiros, vai ver que o Tracker é um ótimo SUV para quem ainda é solteiro ou um casal sem filhos que não precisa de muito espaço. Nesse aspecto, o Tracker lembra muito o Jeep Renegade, outro concorrente que não faz muita questão de oferecer bastante área livre para as pernas dos passageiros ou um grande volume disponível para cargas no porta-malas, que é de apenas 306 litros no caso do Tracker.
Claro que, se você tem família e gostar do Tracker ou do Renegade, ambos não vão deixar de atender suas necessidades de transporte, mas quatro ou cinco passageiros vão se acomodar com muito mais conforto em um Hyundai Creta ou um Honda HR-V. Talvez a GM siga por um caminho mais parecido com o dos rivais mais vendidos na categoria para a próxima geração do Tracker, uma vez que alguns flagras do modelo sinalizam que ele contará com um bom ganho nas dimensões para tornar-se um carro mais versátil.
Se dirigir é o que faz você feliz e você também não quer deixar de surfar na onda dos SUVs, o Chevrolet Tracker é, atualmente, uma das escolhas mais interessantes que você pode fazer no momento. Não vai demorar muito tempo para que a nova geração do modelo, agora derivada de uma inédita família global, chegue ao mercado, mas, enquanto isso, o Tracker é uma excelente pedida se você não tem tanta necessidade de espaço e quer mesmo é passar bons momentos ao volante.
Ficha técnica
Chevrolet Tracker 2019 Midnight 1.4 16V flex automático 4p | |
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Preço | R$ NaN (03/2020) |
Categoria | SUV compacto |
Vendas acumuladas neste ano | 49.378 unidades |
Motor | 4 cilindros, 1399 cm?/td> |
Potência | 150 cv a 5600 rpm (gasolina) |
Torque | 24 kgfm a 2100 rpm |
Dimensões | Comprimento 4,258 m, largura 1,776 m, altura 1,678 m, entreeixos 2,555 m |
Peso em ordem de marcha | 1413 kg |
Tanque de combustível | 53 litros |
Porta-malas | 306 litros |