Teste: Ford EcoSport 2018 FreeStyle automático
Avaliamos a versão que dever?responder pela maior procura do SUV, que melhorou muito na linha 2018
Antes de cada apresentação envolvendo o EcoSport, a Ford sempre bate na mesma tecla – e com toda razão – destacando que ele praticamente inventou o segmento dos modernos SUVs compactos há 15 anos, uma aposta ousada da marca que resolveu utilizar a base do Fiesta para fazer um “jipinho”. Com a concorrência reticente e aguardando para confirmar se a fórmula do EcoSport faria sucesso, o modelo contabilizou 200.000 unidades vendidas apenas na primeira geração, fruto de 12 anos sem qualquer rival direto no segmento.
Mas agora a realidade é outra. Só aqui no Brasil marcas de peso como Honda, Jeep, Hyundai, Nissan, Renault viram que não dá para ficar alheio ao segmento dos SUVs compactos, categoria que já responde por 12% a 13% do mercado automotivo brasileiro. Não é por acaso que a Volkswagen também prepara uma investida no segmento com um modelo derivado da nova família encabeçada por Polo e Virtus.
A Ford soube enxergar essa concorrência cada vez mais intensa e tratou de aprimorar, onde possível, a presente geração do EcoSport para ganhar fôlego no segmento. Claro que o caráter definitivamente global do modelo, a partir de agora oferecido em 140 países e mercados exigentes como o europeu e o norte-americano, também forçaram essa subida de nível do Eco.
Como já adiantamos, por fora o EcoSport 2018 traz alguns detalhes pontuais em termos de design. O destaque mesmo ficou por conta da dianteira, com uma nova grade frontal semelhante ao dos demais SUVs e picapes da marca, novo capô e para-choques na diateira e na traseira renovados. O estepe, para o bem de todos os fãs do EcoSport, segue fixo na tampa do porta-malas. As rodas de liga leve agora seguem uma evolução de acordo com a versão do carro, partindo do aro 15” para o catálogo SE, ficando em 16” como é caso da versão FreeStyle avaliada aqui e chegando até o aro 17” na topo de linha Titanium 2.0. A Ford destaca que ainda melhorou a aerodinâmica do modelo em 11%, trazendo o coeficiênte aerodinâmico para a casa de 0,35, o melhor da categoria. O número é importante porque ajuda, dentre outras coisas, a reduzir o consumo graças ao menor arrasto da carroceria.
O acabamento interno também deu um salto considerável no modelo. Além de novas formas para o painel e o volante multifuncional, os materiais utilizados aparentam qualidade superior e a parte de cima do painel contam com plástico "soft touch". Na versão FreeStyle intermediária os bancos contam com revestimento que mescla couro e tecido, formando um padrão interessante. No alto do console central, a central multimídia com tela de 8" é do tipo flutuante e, além da fácil e rápida visualização, é ergonomicamente interessante. Os porta-objetos e porta-copos estão bem posicionados e criam um ambiente de convivência agradável na cabine. Sintonizada com os tempos modernos, a Ford equipou o console com duas portas USB de 2 amperes, que permitem um carregamento mais eficiente de smartphones e serve para conectá-los aos sistemas Apple CarPlay e Android Auto.
Segundo Antonio Baltar explicou para o AUTOO, a previsão é que na chegada do EcoSport 2018 às lojas a partir do próximo mês, a versão Titanium responda por cerca de 30% das vendas, portanto uma participação considerável. “De qualquer forma apostamos que a versão que deverá ser a mais procurada, com algo em torno de 35% ou até um pouco mais, deverá se manter a FreeStyle automática”, acrescenta o executivo da Ford que responde pelas áreas de vendas, marketing e serviços da montadora.
E, segundo avaliamos durante nosso primeiro contato com o EcoSport 2018, sobram motivos para que a versão avaliada aqui seja, de fato, a mais vendida da linha.
Coube ao EcoSport 2018 nacional inaugurar o excelente motor 1.5 com 3 cilindros dentro de todas as operações da Ford no mundo. O propulsor, que até o momento é produzido somente na Índia, em breve deverá ganhar mais espaço dentro da linha oferecida no Brasil onde é o sucessor natural do motor 1.6 Sigma. A nacionalização do motor 1.5 tricilíndrico é algo que deverá ocorrer naturalmente.
Se apenas ao analisar seus dados técnicos ele já impressiona pela eficiência, as sensações ao volante foram ainda mais animadoras. Graças a recursos como o eixo contra rotante, como já destacamos, e uma elevada precisão construtiva, o novo motor 1.5 tricilíndrico apresentou um funcionamento suave e linear, livre de qualquer vibração ou aspereza. Quem já tomou contato com os primeiros 1.0 de 3 cilindros oferecidos no mercado verá no novo motor 1.5 do EcoSport como esses propulsores evoluíram.
Com exatos 137,2 cv e 16,1 kgfm de torque com etanol, o 1.5 tricilíndrico presente no EcoSport 2018 é o modelo que entrega a melhor potência específica no momento para um motor aspirado, no caso com excelentes 91,5 cv/l. E agora finalmente a Ford apresentou os dados oficiais de consumo do EcoSport 1.5 que irão figurar no Programa Brasileiro de Etiquetagem Veicular. As opções com câmbio manual do modelo serão capazes de entregar 8,3 km/l na cidade e 9 km/l com etanol, valores que sobem para 11,6 e 13,1 km/l, respectivamente, com gasolina. No caso das versões 1.5 com a caixa automática de 6 marchas, como é o caso da unidade que avaliamos, os valores de consumo ficam em 7,1 km/l na cidade e 8,9 km/l na estrada com etanol ou 10,4 e 12,8 km/l, respectivamente, quando recebe gasolina.
Os valores são muito bons inclusive frente a concorrência, já que um Nissan Kicks com motor 1.6 16V e câmbio automático CVT, atualmente a referência em termos de economia, entrega médias de 11,4 km/l na cidade e 13,7 km/l na estrada com gasolina. Só que um Hyundai Creta 1.6 automático não vai além de 10,1 km/l na cidade e 11,3 km/l na estrada. Vale destacar que o novo 1.5 tricilíndrico ainda conta com sistema de partida a frio que dispensa o tanquinho de gasolina, como é esperado em um projeto recente como é o caso.
Um ponto vital no facelift de meio ciclo desta que é a segunda geração do EcoSport foi o abandono em todas as versões do péssimo câmbio de dupla embreagem PowerShift que equipava o modelo até então. Agora todas as versões contam com uma nova caixa automática com conversor de torque mais eficiência, solução que deverá entregar bem mais robustez em relação ao frágil Powershift e seu amplo histórico de problemas.
Duas características são importantes no novo câmbio automático. A primeira delas é que a transmissão não precisa ter o óleo substituído, sendo que o fluido foi feito para durar toda a vida útil do modelo. Outro ponto é a presença das borboletas para trocas de marchas no volante e recursos como o modo esportivo e a capacidade de “aprender” o estilo de condução do motorista e realizar as trocas de uma maneira mais otimizada ao uso do veículo.
A combinação do novos motor e câmbio caiu como uma luva para o EcoSport 2018. Com grande parte do torque disponível desde rotações mais baixas, o EcoSport FreeStyle 1.5 automático responde muito bem em situações típicas do dia a dia, como saídas de semáforos ou na hora de passar por lombadas e valetas, pedindo menos reduções de marcha. Na estrada, por sua vez, essa característica confere mais fôlego ao SUV na hora de realizar uma ultrapassagem, por exemplo.
Se alguém estava desconfiado de que o motor 1.5 seria pouco para o modelo, pode ficar despreocupado! Mesmo trabalhando com o câmbio automático, o desempenho do Eco 2018 transparece até mesmo uma ligeira superioridade em relação ao 1.6 Sigma vendido até então. Com isso, o EcoSport 1.5 torna-se a escolha mais racional e interessante para o SUV, deixando o 2.0 para quem procura desempenho, mas isso é papo para outro teste envolvendo a versão...
Algo que é comum a linha EcoSport 2018 foi uma ampla revisão no conjunto de suspensão e na carroceria como um todo, que ganhou reforços estruturais para melhorar a rigidez torcional. Na suspensão dianteira o curso foi ampliado em 17 mm e as buchas foram recalibradas o que, segundo a Ford, melhorando em 15% a absorção de impactos, além de reduzir em 40% as asperezas no volante. A suspensão traseira, por sua vez, recebeu um eixo de torção 15% mais rígido, molas progressivas e novas buchas para a barra estabilizadora que colaboram para diminuir a rolagem da carroceria.
Mas logo que você começa rodar os primeiros metros a bordo do EcoSport 2018 uma caracterítica chama a atenção: o baixo nível de ruído a bordo. Como essa é uma característica bem valorizada em qualquer carro, a Ford preparou uma série de ações para melhorar esse atributo do Eco, que passa a contar com para-brisa acústico, estrutura das portas reforçada, defletores aerodinâmicos e novos materiais absorsivos no capô, portas e outras áreas. Os pneus, desenvolvidos exclusivamente para o EcoSport 2018, também contam com sua parcela de contribuição. Você nota claro na cabine um agradável ruído de funcionamento do motor 1.5, uma característica dos motores tricilíndricos.
Sobre a dirigibilidade, a soma de todas essas mudanças caíram muito bem ao EcoSport 2018 que, em conjunto com a direção com assistência elétrica, mantém um comportamento neutro e confortável, condizente com os demais modelos da categoria. A calibração do pedal de freio também é excelente, oferecendo respostas rápidas e sensíveis aos comandos do pé direito. Os 7 airbags e o fato do EcoSport 2018 também incorporar os controles de tração e estabilidade de série em conjunto com um sistema que previne capotamentos colaboram para ampliar a segurança a bordo do modelo.
Tabelado em R$ 86.490, o Ford EcoSport FreeStyle 2018 equipado com o câmbio automático de 6 marchas traz no custo-benefício um de seus trunfos. Por esse valor, além dos equipamentos de segurança citados, ele ainda traz o conforto e a comodidade proporcionadas pela boa central multimídia Sync 3 que traz tela de 8” nesta versão e suporte para os sistemas Apple CarPlay e Android Auto além de câmera de ré; ar-condicionado automático digital, luzes diurnas de LED, rodas de liga leve aro 16”, revestimento interno mesclando couro e tecido, dentre outros equipamentos.
Com isso, o EcoSport FreeStyle 2018 se posiciona em uma das faixas mais quentes quando se trata de SUVs compactos e enfrenta rivais como o Hyundai Creta Pulse 1.6 e o próprio líder do segmento atualmente, no caso o Honda HR-V. Sobre o Honda, aliás, o EcoSport FreeStyle automático traz uma vantagem imensa do ponto de vista do preço. Na faixa de valor em questão, a Honda oferece o HR-V LX CVT (R$ 87.900), porém ele deve muito em termos de equipamentos não oferecendo sequer uma central multimídia de série nessa versão.
Apesar de não solucionar problemas como o espaço traseiro apenas razoável e o porta-malas, que deveria entregar mais do que os 356 litros e supera apenas o Jeep Renegade nesse aspecto, duas questões que devem ser abordadas pela Ford apenas no desenvolvimento da próxima geração do EcoSport, o modelo apresentou uma notória melhora em termos técnicos, de acabamento e ainda na parte comercial.
A Ford não esconde sua vontade de voltar a figurar no ranking dos “top 3” entre os SUVs compactos mais vendidos. Com um EcoSport muito melhor do que o comercializado até o momento, a marca tem tudo para alcançar essa meta. Resta ao EcoSport reconquistar a confiança do público abalado com os problemas do câmbio PowerShift, algo que será feito com o tempo, já que o modelo mostra que tem muitas virtudes com as melhorias incorporadas a partir da linha 2018. E, se você decidiu optar por ele, a versão FreeStyle automática é uma das mais interessantes da gama. Ao combinar o ótimo motor 1.5 com um bom pacote de equipamentos, você leva para casa um dos melhores custo-benefício do segmento.
Ficha técnica
Ford EcoSport 2018 FreeStyle 1.5 12V flex automático 4p | |
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Preço | R$ NaN (10/2019) |
Categoria | SUV compacto |
Vendas acumuladas neste ano | 24.035 unidades |
Motor | 3 cilindros, 1497 cm?/td> |
Potência | 130 cv a 4500 rpm (gasolina) |
Torque | 15,6 kgfm a 6500 rpm |
Dimensões | Comprimento 4,269 m, largura 1,765 m, altura 1,693 m, entreeixos 2,519 m |
Peso em ordem de marcha | 1272 kg |
Tanque de combustível | 52 litros |
Porta-malas | 356 litros |