Teste: Honda City EXL 2019
Modelo preserva as boas qualidades de um sedan japonês, mas deve em segurança
Após receber sua última atualização visual em 2018, o Honda City apostou em um reforço na conectividade para a linha 2019. Como a principal novidade, entraram os sistemas de espelhamento Apple CarPlay e Android Auto para a central multimídia a partir da versão EX, mas, até agora, nada do sedan receber os importantes controles de tração e estabilidade.
O fato do sedan mais barato da Honda no Brasil ainda não sair de fábrica com a dupla de segurança ativa nos ajuda a entender porque as vendas do City estão deixando tanto a desejar no país. Hoje o modelo ocupa a 11ª posição no ranking dos sedans compactos, chegando a emplacar menos que veteranos como o Fiat Grand Siena e o Nissan Versa.
Custando R$ 85.800 na sua configuração topo de linha EXL, como a avaliada aqui, qualquer concorrente direto do City entrega muito mais por esse valor. Se a sua predileção é por marcas japonesas, com esse montante você pode estacionar na garagem de casa o Toyota Yaris Sedã XLS (R$ 85.990). Também naquela que é a sua versão mais cara, o Yaris Sedã traz a lista de equipamentos de série condizente com o que é desejável encontrar em um sedan compacto por esse preço, com destaque para os 7 airbags, chave presencial, controles de tração e estabilidade e até mesmo teto solar.
Assim como o Yaris Sedã XLS, o City EXL também conta com revestimento interno de couro e central multimídia com câmera de ré. Em relação ao Yaris Sedã, os diferenciais do Honda ficam por conta dos faróis full-LED, rodas de liga leve aro 16” (15” no Yaris Sedã XLS) e o acionamento digital para o sistema de climatização automático. O City EXL até conta com 6 airbags, mas, como é possível notar, o Yaris Sedã XLS é bem mais completo.
Algo que o City tem e que poucos rivais conseguem se equiparar é um invejável aproveitamento do espaço interno, fruto da excelente plataforma criada pela Honda para sua família de compactos, portanto também compartilhada por Fit e HR-V. Um Nissan Versa oferece nível de espaço interno em que os passageiros não tem do que reclamar, mas o posicionamento dos ocupantes na segunda fileira de assentos ainda é superior a bordo do Honda.
O City ainda entrega um porta-malas melhor que o Yaris Sedã. A Honda declara a capacidade máxima do compartimento em 536 litros, mas ela engloba aí os 485 litros acima do assoalho em conjunto com os 51 litros na área logo abaixo, compartilhada com o estepe. De qualquer forma, considerando apenas o espaço principal do porta-malas, o volume admitido pelo Honda ainda é um pouco superior aos 473 litros do Yaris Sedã.
Como nada mudou mecanicamente, o City 2019 segue equipado com o motor 1.5 16V sob o capô. Ele trabalha apenas com o câmbio automático CVT a partir da versão Personal. A combinação é suficiente para quem tem um perfil mais racional em seu estilo de direção, valorizando o baixo consumo e não ligando tanto assim para a performance. Com um 0 a 100 km/h na casa de 11 segundos, o desempenho do City atende a grande parte das necessidades de uso, com a vantagem das excelentes médias de consumo de 12,3 km/l na cidade e 14,5 km/l na estrada com gasolina.
Algo típico nos compactos japoneses vendidos no Brasil é o rodar extremamente suave e confortável, algo que colabora para cansar menos nos deslocamentos urbanos. Esse ponto é claramente percebido no Honda City, o que favorece o uso do sedan no dia a dia.
Apesar da melhora em conectividade na central multimídia ao oferecer os principais sistemas de espelhamento de smartphones do mercado, só não nos agradou no aparelho a resolução da câmera de ré, que poderia fornecer imagens mais nítidas. De qualquer forma, a ergonomia da cabine, outro ponto virtuoso entre os automóveis de marcas japonesas, é exemplar. Na versão EXL avaliada, o revestimento interno de couro traz um nível maior de qualidade para o acabamento, que poderia apostar no uso de plásticos um pouco mais nobres. A qualidade de montagem do City é notória e o estilo em geral da cabine continua agradando.
É inadmissível que, por mais de R$ 85.000, o City topo de linha ainda não saia de fábrica com os controles de tração e estabilidade, em especial quando olhamos para o mercado e encontramos o Toyota Yaris Sedã muito melhor equipado e custando o mesmo. Outro forte rival para o City EXL, o Volkswagen Virtus Comfortline completo custa R$ 85.130 e ainda traz o ótimo motor 1.0 TSI sob o capô, que confere ao representante europeu um desempenho mais convincente do que o entregue pela dupla japonesa, sem esquecer do cuidado com o baixo consumo.
Em resumo, o Honda City 2019 preserva as características positivas que parte dos consumidores espera encontrar em um sedan compacto premium japonês, porém, caso queira resgatar a competitividade do City em um segmento muito disputado como é o caso, a Honda precisa se decidir: ou equipa mais o seu representante na categoria ou será necessário rever os preços praticados para ele. Considerando que nos próximos meses teremos a estreia do novo Hyundai HB20S e do inédito Chevrolet Onix Sedan, essa decisão da Honda precisa ser rápida.
Ficha técnica
Honda City 2019 EXL 1.5 16V flex automático 4p | |
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Categoria | Sedã compacto |
Vendas acumuladas neste ano | 7.284 unidades |
Motor | 4 cilindros, 1497 cm³ |
Potência | 115 cv a 6000 rpm (gasolina) |
Torque | 15,2 kgfm a 4800 rpm |
Dimensões | Comprimento 4,455 m, largura 1,695 m, altura 1,485 m, entreeixos 2,6 m |
Peso em ordem de marcha | 1135 kg |
Tanque de combustível | 46 litros |
Porta-malas | 536 litros |