Teste: Honda CR-V EXL
Prestes a mudar, SUV médio da Honda mostra que ainda tem qualidades
Não dá para negar: o Honda CR-V atualmente vendido no Brasil, na quarta geração, passou da hora de dar adeus. Não que ele deixou de cativar os sentimentos de quem se acomoda em seus confortáveis bancos de couro, que encontram por ali um amplo espaço interno, uma boa ergonomia e muito conforto ao rodar. Dirigir ou passear dentro do CR-V nos faz perceber como seu acerto é tipicamente voltado ao gosto norte-americano, afinal nada mais justo já que nos EUA ele figura na lista dos veículos mais vendidos.
O grande problema envolvendo o CR-V atualmente é que seu interior já mostra-se anacrônico para um carro de sua categoria. Apesar da tentativa da Honda de enobrecê-lo, colocando imitação de madeira no painel, está na hora de uma repaginada no visual do utilitário esportivo. A quinta geração, revelada nos EUA no fim de 2016, chegará ao Brasil provavelmente apenas em 2018 e vai sanar qualquer crítica ao CR-V nesse aspecto. Pelo que pudemos constatar nos EUA, o modelo vai ganhar não só o mesmo conjunto motor e câmbio presente no Civic Touring (1.5 turbo com câmbio CVT) como também um habitáculo bem mais aprimorado. Claro que o preço do CR-V, atualmente tabelado em R$ 148.000, deverá subir com a estreia da nova geração. Hoje o máximo de novidades que você vai encontrar olhando para o painel do CR-V é a central mutimídia, que é bem completa e agrega navegador, câmera de ré, dentre outras funções.
O encarecimento do futuro CR-V de quinta geração é algo mais do que esperado, uma vez que hoje você consegue adquirir o excelente Jeep Compass em sua versão Longitude diesel, com câmbio automático de 9 marchas e tração 4x4, por competitivos R$ 137.990. Logo, sobra uma margem para a Honda acomodar aí o novo CR-V acima dos R$ 150.000. Bom para o nacional Compass, que consegue servir como excelente alternativa ao CR-V EXL atual, inclusive não deixando órfãos aqueles que enxergam no sistema de tração integral do CR-V um atributo interessante. Entre os SUVs médios japoneses, é bom destacar, somente o CR-V ainda oferece tração integral, recurso que o Toyota RAV4 deixou de lado a partir da linha 2017 aqui no Brasil.
Na hora de transportar a família é que um modelo como o Honda CR-V mostra seu valor. Até mesmo com 5 adultos o espaço interno não será problema para acomodá-los. O porta-malas de 589 litros também dá conta da bagagem de todos a bordo do CR-V, sendo que se a ideia é só transportar volumes maiores, é possível rebater o banco traseiro e criar um amplo “salão” para 1.146 litros de bagagem no compartimento.
O rodar é suave e despreocupado a bordo do Honda CR-V. Não que exista qualquer tipo de folga ou algo do tipo, mas as respostas da direção do SUV são ligeiramente mais lentas do que você sentirá em um Honda HR-V, por exemplo, até mesmo por ele ser bem mais compacto. A suspensão McPherson na dianteira e multibraço na traseira trabalha muito bem para absorver irregularidades no piso, porém, assim como você nota na direção, esqueça qualquer ponta de esportividade a bordo do CR-V, até mesmo porque essa não é sua proposta.
Apesar do motor 2.0 16V cumprir adequadamente com a sua função de impulsionar o CR-V, é nítido que os 1.579 kg do modelo são sentidos na hora de acelerar e cobram a conta também no consumo. Quando carregado e dependendo das solicitações do motorista, não resta opção ao 2.0 do que trabalhar em giros mais altos, atrasando a troca de marchas para entregar o desempenho desejado pelo motorista. Mesmo sendo um motor de concepção moderna, com o interessante sistema de abertura de válvulas variável i-VTEC, é nessas horas que você nota como a combinação entre turbo e injeção direta poderiam fazer a diferença para extrair mais do que os 155 cv e 19,5 kgfm de torque que o 2.0 atual entrega.
Com etanol, as médias do CR-V EXL ficam em 6,4 km/l na cidade e 8,1 km/l na estrada. Já com gasolina, os números alcançam 9,2 e 11,5 km/l, respectivamente. São valores dentro da média do segmento, mas que podem ser considerados apenas medianos levando em conta o mercado em geral. A situação deve melhorar na nova geração do CR-V, sendo que o 1.5 turbo com maior volume de torque disponível a baixas rotações deverá suar menos para movimentar o CR-V.
É ao analisar esses dados que você nota como o já citado Jeep Compass a diesel é uma escolha que faz muito mais sentido do que o Honda CR-V no momento, em especial na faixa até R$ 150.000. Em sua configuração Longitude 2.0 turbodiesel, o consumo e a autonomia são bem melhores, isso sem falar que você economiza bem mais no custo por quilômetro se comparado com o uso de gasolina.
Como já abordamos aqui no AUTOO, não será só a quinta geração do Honda CR-V que surgirá como uma excelente novidade no segmento dos SUVs médios. Além dela também chegarão por aqui os novos Volkswagen Tiguan, Chevrolet Equinox, Renault Koleos, dentre outros. Cada um terá propostas bem definidadas, com o Tiguan mantendo o apelo mais esportivo porém agora com a versatilidade ampliada graças à carroceria com 7 lugares que chegará primeiramente ao Brasil. Koleos e Equinox serão semelhantes ao Honda CR-V, também voltados ao uso familiar “descompromissado”, onde o que prevalece é o amplo espaço interno e porta-malas muito generosos. Desempenho para ambos é apenas um detalhe. Apesar de não apostar em uma motorização turbo, o Renault Koleos coloca suas fichas na sofisticação francesa, com seu interior refinado e bem equipado, para conquistar os brasileiros.
Um aliado fiel do CR-V atual é a reputação que a marca Honda conquistou ao longo dos anos no Brasil. Ele não deixa de ser uma opção aceitável de compra no momento se você não sente que o espaço de um Jeep Compass é adequado para seu uso e faz questão de um carro maior. A nova geração do CR-V será bem superior em relação ao CR-V que você encontra hoje nas concessionárias tanto em termos técnicos e mecânicos como do ponto de vista de acabamento e eletrônica embarcada, porém na mesma medida o preço também se tornará mais elevado. Logo, se você não pode ir muito além dos R$ 150.000, talvez seja a hora de considerar a aquisição do modelo.
Pensando até de certo modo no custo-benefício do Honda CR-V atual, ele não deixa de ser uma pedida interessante, mas tenha em mente que você vai parar com mais frequência no posto de combustível e, ao olhar para o painel, não vai se achar em um carro dos mais modernos. Ao menos você terá acesso a um habitáculo versátil e espaçoso, a dinâmica confortável e a robustez ao rodar que explicam porque o Honda CR-V sempre foi um carro muito desejado por aqui. Se é isso que você busca, vale a pena estacioná-lo na garagem. Caso contrário espere alguns meses pela nova geração.
Ficha técnica
Honda CR-V 2016 EXL 2.0 16V gasolina automático integral 4p | |
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Preço | R$ 148.000 (10/2017) |
Categoria | SUV médio |
Vendas acumuladas neste ano | 390 unidades |
Motor | 4 cilindros, 1997 cm³ |
Potência | 150 cv a 6300 rpm (gasolina) |
Torque | 19,3 kgfm a 4700 rpm |
Dimensões | Comprimento 4,58 m, largura 1,82 m, altura 1,655 m, entreeixos 2,62 m |
Peso em ordem de marcha | 1579 kg |
Tanque de combustível | 71 litros |
Porta-malas | 589 litros |