Turbo ou supercharger? Veja as diferenças entre eles e qual ?o melhor
Sistemas melhoram o desempenho, mas oferecem virtudes e desvantagens importantes
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Quem acompanha as tendências da indústria automotiva sabe que o turbocompressor está em alta há alguns anos. Além de entregar desempenho digno de motores maiores e potentes, o “caracol” também promete boas médias de consumo de combustível. Ou seja, quase tudo que o motorista pode desejar em um carro para o dia-a-dia.
Pouca gente lembra, porém, de outro sistema de sobrealimentação que já viveu dias mais gloriosos, mas ainda possui um fã clube fiel. O supercharger, ou compressor mecânico, também melhora o desempenho do veículo e ainda possui algumas vantagens em relação ao turbocompressor, como a ausência do famoso turbo lag.
Mas você sabe quais são as características e principalmente as aplicações mais indicadas para cada um deles?
Semelhanças e diferenças
O conceito é relativamente simples: quanto maior a quantidade de oxigênio que entra nos cilindros, mais combustível pode ser queimado pelo motor. Dessa maneira, quanto maior for a quantidade dessa mistura dentro da câmara de combustão, mais potência pode ser obtida. E aí melhor será o desempenho do veículo.
A explicação é básica, mas ajuda a entender o motivo da popularização do turbocompressor e do compressor mecânico (ou supercharger) no início do século passado na indústria automotiva.
Ambos estão posicionados na admissão dos motores para permitir a entrada de mais ar na câmara. A diferença está na maneira como cada um deles faz isso - o que ajuda a explicar porque os compressores mecânicos foram preteridos pelos turbocompressores.
No turbocompressor, ou simplesmente “turbo”, o fluxo gerado pela expulsão dos gases (uma energia que seria desperdiçada no processo) é responsável por movimentar a turbina, que realiza a compressão forçada de ar.
Já os compressores mecânicos são conectados ao virabrequim por meio de uma correia e duas polias. Os rotores são movimentados por meio da rotação do virabrequim. Normalmente, os compressores de parafuso são os mais utilizados pelas fabricantes de veículos. Eles funcionam com dois parafusos paralelos que sugam o ar e o comprime em direção ao interior do motor.
Como principais virtudes, o compressor mecânico entrega torque de forma linear e não sofre com o famoso “turbo lag”, ou seja, o atraso no tempo de resposta observado no turbocompressor.
A grande desvantagem está na limitação do ganho de potência. Isso ocorre por conta do próprio compressor mecânico, que necessita de uma quantidade elevada de energia para funcionar. Estima-se que até um terço de toda a potência disponível no virabrequim é “perdida” no processo.
Amigo do frentista
Outro ponto negativo é o consumo elevado, que ajuda a explicar o fracasso da linha Supercharger adotada pela Ford em meados dos anos 2000.
Na ocasião, Fiesta e EcoSport tinham uma variação do motor 1.0 da família Zetec com o famoso compressor. Além da potência atingir a mesma faixa de 95 cv da motorização 1.6 que também era oferecida nos modelos, o consumo de combustível era bastante alto. Some isso aos custos de manutenção salgados e você entenderá porque as versões Supercharger logo saíram de cena.
Hoje, o supercharger é utilizado majoritariamente em modelos com motores grandes e mais potentes. O motivo está justamente nas virtudes, já que a linearidade e a precocidade de atingir os picos de torque e potência se sobrepõem às desvantagens do compressor mecânico.
Anda bem e bebe menos
Já o turbocompressor ganhou o coração de preparadores, mecânicos e até das montadoras por uma série de vantagens.
Além de ser mais leve e menor, o turbo também é mais barato do que o compressor mecânico e causa desgaste menos acentuado nos componentes móveis do motor.
Combinado à injeção direta de combustível, eles entregam bastante torque já em baixa rotação e apresentam um índice muito baixo de turbo lag nas acelerações.
Fora os ganhos de performance, o turbocompressor virou o “queridinho” da indústria nos últimos anos pela capacidade de economizar combustível. Alguns modelos obtêm médias elogiáveis de consumo na cidade ou na estrada, especialmente quando rodam com gasolina no tanque.
A adoção do turbocompressor em larga escala também ajudou a derrubar alguns preconceitos. Um deles foi o da falta de durabilidade das turbinas, em grande parte devido a carros preparados por profissionais pouco capacitados.
No fim das contas, o turbo acabou sendo escolhido pela maioria das fabricantes de automóveis. A solução já se popularizou e hoje está presente até em modelos de entrada, algo que dificilmente aconteceria com o supercharger. Os motivos são fáceis de entender: o custo mais acessível e a oferta de um equilíbrio maior entre desempenho e consumo de combustível.