Picapes são feitas para o trabalho e a Volkswagen Saveiro leva isso a sério. Das pouco mais de 12 mil unidades vendidas no primeiro trimestre deste ano, mais de 11 mil foram para empresas, ou seja, quase tudo. Por isso chamei a versão Robust em sua opção de cabine dupla para uma entrevista.

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Ela se apresentou em trajes simples. Para-choques pretos, rodas de aço de 15 polegadas cobertas por calotas escurecidas e nada de faróis de leds e outras frescuras. Ela queria logo pegar no pesado e mostrar que é capaz de carregar 638 kg ou 580 litros. Lembrando que a versão de cabine dupla tem menos espaço na caçamba. A simples aguenta 664 kg e leva 924 litros de bagagem.

Para abrir a porta, nada de controle remoto. Chave presencial, só lá na diretoria. A Saveiro Robust precisa ser destrancada à moda antiga, girando o tambor da maçaneta. Por dentro, tecido só nos bancos e são lisos, em um cinza escuro, que é pra não mostrar sujeira mesmo. 

Imagem: Fernando Pedroso/Autoo

O resto é plástico duro, inclusive na tampa que cobre onde seria o rádio. Quer música? Canta, ou coloca o celular para tocar alguma coisa para ouvir durante o expediente. Tem até uma porta USB para carregar o aparelho, talvez o único luxo da caminhonete.

A Saveiro não tem quatro portas como a rival Fiat Strada, por isso é preciso escamotear os bancos para ter acesso ao banco traseiro, que é bem apertado. Se vai levar a equipe toda ali — cabem três pessoas—, quem se sentar na frente vai ter que fazer concessões. Para aliviar, são três porta-copos para o pessoal lá de trás e as janelas laterais são basculantes.

Ao menos a Saveiro Robust tem ar-condicionado, direção hidráulica (pois é), vidros e travas elétricos, além dos equipamentos obrigatórios, como airbag duplo, freios ABS e controles de tração e estabilidade.

Imagem: Fernando Pedroso/Autoo

Viagem no tempo

Dirigir a Saveiro é como voltar 16 anos no tempo. A picape é baseada na terceira geração do Gol, lançada em 2008. A posição de dirigir, o barulho do motor e os engates do câmbio remetem àquela época. E isso não é ruim. Eu gosto da forma como a Volkswagen fez essa geração, que insiste em sobreviver na picape até a chegada de sua substituta.

O motor é o 1.6 16V de quatro cilindros com 116 cv de potência e 16,1 kgfm de torque. O câmbio é sempre manual de cinco marchas. O desempenho é bem adequado para uma picape voltada ao trabalho. Se esse é o objetivo, eis uma boa contratação. Está aprovada no admissional.

Quem procura um carro desse para passear tem outras opções mais caras do que os R$ 112.990 pedidos por essa versão cabine dupla, mas que vai entregar muito mais. Modelos intermediários como Chevrolet Montana e Renault Oroch podem ser candidatos melhores nessa situação.

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